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terça-feira, 3 de julho de 2018

sangria



Era a sangria de um dia frio. Ele não sabia se o gosto do café era prosa ou verso. Bebia descomedido, em copos. Os acontecimentos ao redor não tinham corpos. Apenas fluxos.

"Eu vou comer realidades para cagar suas ilusões". Comer realidades; defecar suas ilusões. A congestão da alma ao tocar o espelho no balanço do vento que me revela. A sanidade de outrora agora convergira na atrocidade de palavras ácidas (será algo que comido foi?) e olhares ávidos por aconchego. A paz que excede o entendimento vem no alento que ultrapassa a rima. As pegadas da madrugada não deixam marcas, nem quando do céu desce orvalho, cobrindo-nos. Nus.

O que foram dedos entrelaçados de mãos cansadas, tornaram-se o monumento soterrado no canto da sala, onde nem as aranhas arquitetam.

Passado está o tempo das encruzilhadas. Momento sutil onde todas as possibilidades estiveram pujantes, latentes, extremamente atrativas e com potencial de sucesso. Feita a escolha... o caminho continua e você apenas vê, numa paralela que se afasta em outra dimensão, aquilo que fora possibilidade e que agora é uma pintura viva na paisagem. O vento à face é um virar de páginas em que percebemos por um instante a sobriedade de seguir.

As ilusões diárias são nutridas para distrair o indivíduo continuamente e abstê-lo de refletir sobre sua passagem no tempo e não a passagem do tempo por ele. O automatismo que garante a fluência social é a trava para a evolução buscada.

Cada momento ruminado, na certeza de que se apressado ou lento tudo acontece, ou não. Assim, a caminhada, pensada e repensada no caminhar pode revelar que os rumos, os tempos, os fins, finais e inícios são apenas aspectos, pontos de referência em uma teia que vai além das três dimensões, do mecanismo de criar e sobrepor padrões; da dinâmica de gerar e se entrelaçar aos significantes.

A digestão das ideias, a congestão dos sentimentos. O sono aconselha o inquieto enquanto reorganiza os móveis dos questionamentos no salão dos ideais do amanhecer.



sexta-feira, 15 de abril de 2016

Onomatopeia da vanguarda


As pessoas seguem compartilhando códigos, o emoji se instala em todos os diálogos. Abreviações das narrativas, significação dos sentimentos e pensamentos como era no princípio agora também no fim(?) mas com direito a backup digital.

O contexto é a codificação essencial para viabilizar a plena comunicação (garantindo reverberar o conteúdo e possibilitar a interpretação das mensagens). A contextualização passa, essencialmente, pela utilização de mecanismos tradicionais de narrativa: Texto ou fala. Dessa forma é possível a ambientação de linguagem.

Considerando as nuances de um diálogo pleno tão buscado em relacionamentos pessoais e corporativos; qual o emoji do silêncio? Esse aspecto tão importante no diálogo, permitindo absorção de ideias, organização de argumentos, respiro e retomada de interação. Concebendo aqui o diálogo pleno como aquele que possibilita diversidade de vozes e silêncios.

O novo encanta à medida que também assusta. Ele liberta, agiliza, conforta, tanto quanto acomoda e atrofia. As pessoas entregues às novas plataformas de comunicação recorrentemente se abstém de premissas elementares para o processo de comunicação. Desse modo não há um desenvolvimento estrutural das relações e dos diálogos, mas apenas uma mudança no fluxo das mensagens, em volume, forma e intensidade; sendo que o conteúdo, suas interligações e reverberações desconsideradas e eximidas de qualquer ação de planejamento.

Esse planejamento estratégico não precisa ser apenas algo macro, com antecedência, mas também algo específico e instantâneo; em pílulas. Para isso, o indivíduo precisa ter um repertório e sistema de relevância que o capacite a fazer esta análise.

As organizações, ao se instalarem em uma comunidade, pouco se atêm em pensar no legado a ser construído naquele ambiente. A visão de futuro contempla a perenidade econômica e produtiva do empreendimento e não os aspectos sociais pertinentes a um processo de relacionamento e comunicação sustentáveis. Quando abordam a área social, as empresas buscam mitigar impactos de sua atividade e não fazem uma leitura sincera e real da paisagem, identificando as demandas e oportunidades de ação.

O transitar a margem e o epicentro das narrativas precisam ser constantemente considerados na manutenção dos processos de comunicação, gestão pública, relacionamento institucional e ordem social.

A escritora Alexia Clay, ao afirmar que as respostas para crises globais e locais podem estar em quem não se encaixa no ambiente, ou seja, na inquietação, reforça a visão de Albert Camus e sua visão do estrangeiro. O estrangeiro traz no seu olhar o equilíbrio e a solução para as circunstâncias. Pois ele consegue observar o sistema, seus fluxos, brechas e contrafluxos. Assim, é possível uma intervenção que possibilite ruptura e desenvolvimento estrutural. Neste ínterim, importante ressaltar que todos podem ser estrangeiros. Esse desajustado em relação ao sistema vigente, ao causar interferências e contribuir na superação das crises (sociais, políticas, econômicas e de comunicação) participa simultaneamente do estabelecimento de um novo modus operandi. Dessa forma, os desajustados tornam-se ajustados, a serem sobrepostos ou questionados em um novo cenário de crise, por novos estrangeiros (ou desajustados) que podem tanto acrescentar algo novo, quanto resgatar o que era dantes.

Contudo, ao observar as tentativas (às vezes espontâneas) de modernizar os processos de comunicação e relacionamento social e institucional a partir de novas plataformas, percebe-se que as mensagens recaem sobre a utilização dos mesmos mecanismos: códigos infográficos que carregam um significado interligado ao perfil referencial de um grupo social ou uma massa de usuários.  Esses novos hieróglifos que marcam as mensagens usadas pelas pessoas e até mesmo testadas por empresas anseiam ser a onomatopeia de uma vanguarda que não chega, mas que não pode deixar de ser buscada, uma vez que o processo de busca possibilita a evolução.
 
Publicado também em: http://obviousmag.org/rumos/

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Busca por um doodle


O conflito de gerações é um eterno ciclo que apenas aumenta (tal qual o universo), recebendo de tempos em tempos novos ingredientes junto às gerações que passam a integrar este ciclo. O comportamento social se renova do mesmo, mas em plataformas diferentes. Se bem ou mal, o que importa são os desdobramentos possíveis das narrativas estabelecidas.


Gerações intercalam argumentos no diálogo multifacetado na definição de relevâncias. A representatividade de um indivíduo ou acontecimento anteriormente era notória pelo seu registro em enciclopedias, placas e monumentos. Entretanto, desde o enraizamento do Google na rotina de todos os usuários da Internet (quantas vezes acessa o site por dia ou usa um dos serviços da empresa?), os doodles passaram a marcar datas, acontecimentos e indivíduos; lembrando as pessoas o que aprenderam de relance, ou ensinando e instigando buscas àqueles que desconhecem o homenageado do dia. Esta é uma maneira sutil de direcionar o comportamento de buscas e interferir no agenda setting  (Mccombs e Shaw e a teoria do Agendamento) ou um exercício de resgatar ao cotidiano a história da humanidade, os fatos representativos e até os mais os mais pitorescos? Mais do que a resposta, vale o que acontece quando surge um novo doodle. Comentários e conversas em redes sociais digitais, bem como matérias na imprensa (Geral e de nicho). Surgem lembranças e novos conhecimentos sobre algo do passado ou do presente, e quem sabe o vislumbre de um futuro; sempre com bom humor, criatividade e até mesmo inovação ao retratar em uma imagem o assunto escolhido.

Afora esta estratégia, que também fortalece a imagem da empresa, surge na mente de usuários da web, mesmo que de forma quase imperceptível, um novo indicador de representatividade: se já foi um doodle da Google, é importante; merece uma busca. Se antes, seres humanos, buscavam a confirmação de sua existência no outro que estava ao seu lado, com a famigerada globalização ele passou a buscar esta afirmação de existência e utilidade social não apenas na aldeia local e global, mas sim junto a um sistema da web. Se o Smartphone tornou-se a extensão do corpo e vida dos indivíduos (para trabalhar, movimentar finanças, para lazer e etc. Estar sem seu aparelho, ou sem sinal é entrar em estado de aflição e vulnerabilidade), o ranking do Google e do Youtube passaram a ser o indicador de relevância da contemporaneidade. Não é raro pessoas "darem um Google" no próprio nome para ver o que surge, o quão representativo é seu perfil. Se antes alguns queriam ser dignos de serem lembrados em livros, estar com sua marca em uma calçada, seu busto em praças, nomes de ruas, dentre outras formas; agora intuitivamente, os indivíduos querem sua representatividade atestada por um mecanismo de busca (não a biblioteca, onde a representatividade das buscas tem mais resultado acadêmico), com resultados diversos, bem linkados e elencados; e quem sabe atingir o topo: virar um doodle da Google.

A busca é iminente. Entre as respostas, utilidade e futilidade. Versos de porta de banheiro público já perpetuavam ditos populares. tudo o que sobre desce, se cuspir pra cima... Neste ínterim, vale pensar, o que você tem produzido, ou disponibilizado na nuvem, considerando que após um tempo condensando, pode cair irremediavelmente sobre sua cabeças e de outros?

Publicado também na minha página no Obvious  http://obviousmag.org/rumos/



segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Santos mortos - Poetas da Dor - parte 2


As narrativas às vezes são a membrana superficial...

Seja sol ou madrugada, janela aberta. O vento varre da minha face as ilusões. Fecho os olhos e consigo ver além do que penso ser. Percebo como os outros constroem seu repertório de experiências e códigos e os empregam em vida. Sinto as agulhas das emoções alheias penetrarem meu sossego.

Tanto buscamos descobrir o novo e catalogá-lo a fim de concebermos conceitos, interpretações e alcançar a certeza, para assim partir para outra descoberta ou simplesmente controlar as coisas catalogadas, ser superior. Dominar o que se ama, o que se conhece. Isto é percebido em todas as dimensões do comportamento humano; na sua relação com a natureza, com a sociedade, sentimentos e tudo o mais.

O processo de santificação (ao contrário do Bíblico) depende fundamentalmente da morte e não da vida. Ao morrer, o indivíduo comum passa a ser lembrado, admirado e considerado pelos fatos benéficos relevantes, tendo as mazelas de conduta e caráter amenizadas, quase apagadas da memória. Porque isso não é feito em vida? Valorizar as pessoas pelos acertos, focar o julgamento nas qualidades ao invés de em vida julgá-lo pelos erros, e em morte reconhecer seu valor de semideus? Quem morre é lembrado pela parte dele que construímos em nosso imaginário, a partir da convivência com a pessoa, ou com a narrativa que alguém criou sobre a pessoa em questão. Afora exceções, quem morre é lembrado como bom e os vivos têm seus defeitos realçados. Tropeços.

As narrativas então estabelecidas tratam os indivíduos vivos como seres os quais os erros e desvios sobressaem às qualidades. E assim, uma sociedade de sonhos hipócritas é consolidada. A trajetória do indivíduo, travestido de ser social, é analisada sobre vários aspectos. A sociedade, evitando o processo de autoconhecimento proposto pela máxima no Oráculo de Delfos, subjuga o próximo e disseca seu caráter com o objetivo de condenar ou absolver o cidadão. Como parâmetro de análise, utiliza padrões morais e de excelência que estabeleceu a partir dos respectivos anseios. Padrões consolidados junto ao grupo de afinidade, composto de pessoas que comungam dos ideais e um ou outro de ideia divergente, para garantir contraponto.

Para sobreviver a essa dinâmica social o indivíduo pode ignorá-la e conviver; pode subverter os parâmetros, interferindo neles, quebrando paradigmas construindo outros; ou pode sucumbir às manipulações sociais.

Ignorar é o que a maioria faz. Ignora e convive, pois o indivíduo naturalmente percebe que enquanto ser social ele também julga e opera os próprios padrões. O cinismo rege a história de vida de tantas pessoas. Assumem personagens, acreditam intensamente no rótulo que carregam, e ainda tentam impor uma realidade e modo de pensar a quem por perto estiver. E assim o terreno  está preparado para frustrações. (Que surgem também de tantos outros lugares).

Subverter os parâmetros, a partir da interferência e sobreposição de paradigmas é feito com a utilização das ferramentas culturais; as artes em suas diversas dimensões (artes plásticas, artes cênicas, literatura e etc), bem como pelos pilares históricos (manifestações populares e articulação de grupos que atravancam o sistema corrente estabelecendo outro padrão comportamental).

A operacionalização das ferramentas culturais nem sempre têm como finalidade alterar os parâmetros supracitados. Em sua maioria, as intervenções almejam reforçar preceitos, divertir, arrecadar recursos financeiros ou materiais, e até mesmo ser afago ao ego dos autores e mecenas. Entre mecenas e mercenários, o caleidoscópio: Mensagem / público / narrativas criadas / artistas e indivíduos / o ardor / as amarras da liberdade.

A intensidade de R. Wagner, com sua superioridade e pureza pernósticas; a força de Tchaikovsky, e as nuances de sua contradição; é recorrente a tentativa de representar o elixir do que torna humana a carne e sofrível a alma, passível de amor e ruína. Interessados em nossas mazelas, mergulhamos para compreendê-la e não para alterar o surgimento de novas e a continuidade das antigas. O final do ato não encerra a obra, e o estrondo repentino não sucumbe a sutileza do compasso. E o amor?

Seja em Arthur S. ou em 1 João 4, o amor é a ideia original. Felicidade possivelmente incompatível, pois nele também há dor. Aspirações, paixões, vontade e representação. Sob o óculo de A. Schopenhauer percebemos como o ser humano busca a sobrevivência como qualquer outro organismo vivo: guiado pela vontade [mesmo sem compreender sua origem] lembrado pela representação [não em plenitude] de seu desejo. A felicidade é o fiel oscilante de uma balança que de um lado tem o amor (ideia original, desejo natural) e do outro lado tem a vontade (a energia e os atos que a representam).

Após observar certas nuances do indivíduo (que pode muitas vezes ser caracterizado como o estrangeiro de Camus), inclusive enquanto ser social e organismo vivo, percebe-se que o fator determinante da santidade está atrelado aos atos em vida e não em morte (embora a morte santifique seus atos). Sendo os atos em vida constituídos de movimentos naturais, escolhas orgânicas por sobrevivência / evolução / continuidade; e não apenas por caridade. 

Toda relação é por interesse, ok Kant. este interesse ultrapassa a dimensão social, orgânica e material, atingindo também uma dimensão poética, emocional e espiritual. O interesse não é maquiavélico por completo, tampouco altruísta por demasia. Independentemente da existência de seres exemplares (santos) a sociedade os estabelece ou reconhece para saciar a necessidade de conforto, de calmaria, de fugir do estresse cotidiano (composto pelo fluxo, contrafluxo e colisão de indivíduos em busca de "realização" em todas as vertentes / desejo), vislumbrando o admirável.

Entremeio à busca por saciar o desejo pela ideia original e os desejos básicos; afora a busca por salvação e santificação bíblica, por reconhecimento e conforto/aconchego, o indivíduo tenta ultrapassar as interrogações da vida e não se alienar nas reticências, pois a vida do indivíduo está sempre sobre dois pontos:


Quando respiro e quando não,
O amor me alcança.
Rumos seguem, mesmo em silêncio. 
Dobrei o horizonte sob os joelhos e ponderei; 
rumos seguem, mesmo introspectivo. 



terça-feira, 6 de agosto de 2013

úmida unidade

A unidade em um mundo da diversidade. A unidade em tempos de um individualismo de arestas, que fere, não encaixa, que rompe, não integra. "Que desafio mais ordinário em um mundo extraodinário Raskol".

As narrativas estabelecidas pelos meios de comunicação alimentam nossa necessidade de se inteirar e ater ao que acontece no entorno, com o outro, e assim se condoer ou se indignar, mas nada fazer. Resumem as movimentações políticas e conomicas. Mural para os espertos visualizarem potencialidades de lucro e sucesso; lugar onde os incautos se perdem em cansativos discursos.A sobreposição de plataformas de informação e os diversos veículos de comunicação existentes provocam uma rave alucinante entre o processo de estabelecer e ser agenda setting.

A convergência ou conflito entre as versões dos fatos é imediata. Começa nas redes sociais digitais, amadurece no F5 dos veículos de comunicação, estabiliza nos noticiários noturnos da TV e estaciona no impresso da manhã seguinte; isso quando o circuito é fechado. Às vezes o assunto, quando parece estacionar, novamente entra no turbilhão.

A sinalização nas ruas é tão indicativa. Onde podemos estacionar, a mão e a contramão, os pontos turísticos, as revoltas, passagens, políticas, drogas, relacionamentos, liberdades e liberdades, respeito em placas, muros e corpos. Apesar de todos, me pergunto o que há de ser amanhã. Seja côncavo ou convexo, é preciso estar atento ao foco, à distância focal das ideologias.

Entre umas e outras; a fé exercida como advento midiático. Audiência pelos meios errados. Reações em cadeia que deturpam a mensagem. A caridade exercida por nós perpassa nossas fragilidades, nossos mais íntimos desejos; aqueles resignados ao espaço em si, onde não há palavras.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

jangada



Guardamos (como A. Cícero) coisas que muitas vezes deveríamos desaprender (como recomendou Barros). A fala dobra sobre a pedra quente do cotidiano. Janelas abertas permitem o ir e vir do vento e das reminiscências do guardador de rebanho e de parerga e paralipomena.

Experiências rasas polarizadas tornaram o texto frágil; uma película quebrável, entretanto cortante e com alto potencial de contaminação. Entre o ritmo industrial de refletir, apurar, aturar, saturar, formatar, submeter, cortar, realinhar e publicar, falta ar e sobra pulmões cheios de muco; e a necessidade de ir é iminente. O balcão já não tem mais lado (nem fixo), e sobre ele muitas vezes os copos permanecem vazios; há movimento sob os corpos cheios de ideias.

Uma conversa séria é fundamental para que as frases sejam construídas com menos envelope propagandista ou político, seja na famigerada grande mídia ou na essencial mídia regional. As assessorias precisam profissionalizar o olhar, amadurecer e compreender a diferença entre pauta e anúncio. Mercado aquecido não significa capacitado ou de qualidade, assim como alto PIB não significa desenvolvimento. As narrativas precisam ser mais efetivas, assim como os relacionamentos interpessoais fora do registro em carteira de trabalho. A vanguarda é simples e a crítica já foi desenhada por Honoré. A pós-modernidade exacerbada outrora, agora é o lacre arrancado da última embalagem.

Preciso de mais castanhas e tempo. Pela janela o batráquio sai; fuga nº3 da boca egoísta daqueles que fundamentalmente querem encher os bolsos de vaidade. O ruído de folhas secas aos pés, a duração do instante, a intensidade das rasuras. O Campo minado de pétalas traz o frescor que nem a mais rentável ideia pôde oferecer. A salamandra sorrateira caminha sobre a fria superfície da pele e ela não sente ser tocada. Jabour está obviamente correto; não sabemos lidar com o que não entendemos, e assim criamos múltiplas explicações de sessão da tarde. O noticiário e os manifestos de disputa por controle e poder de representação de classes. As palavras já não bastam, pois frases prontas são distribuídas em ração diária de narrativas. O texto satisfatório não pode ser escrito como precisam os leitores, ou como anseiam, em totalidade; não se reconhecer que o significado de satisfação e completo não são os mesmos. Sempre falta algo, do enfado ao estilo, da rapidez à exatidão. Os olhos não acompanham, as palavras não suportam e a mente titubeia.


Linda, ela caminhava pelo fio de uma interminável navalha.
sangrava sonhos enquanto gemia
atravessava mundos aos sussurros
lacrava utopias que distorciam a dor, calada;
mas o ritmo dos passos era o mesmo,
espetáculo, suas vestes brancas ao vento
sorrateiro sorriso
Ela, realidade



 A institucionalização do espírito confunde o homem, então não vá se perder por aí....segue videolinkmutantes_musica~



A estante escorre. Tormento de Neruda e sua leveza; insensatez de Picasso, alucinação de Pessoa, complexidade de Franz, traição de Max Brod, destempero de Fonseca, de Blair, de FWN e de Arthur S. As palavras misturadas me absorvem em narrativas, expostas sob a forte luz de cânticos. Paulo e sua carreira, suas cartas e pensares.

Mr. Nobody é a autobiografia coletiva do contemporâneo. Somos Nemo, e não um peixe perdido em seus desejos, mas um ancião solto em suas memórias, lembranças, escolhas. Rigidez e frieza, distanciamento e sorriso. Tudo é, e muito leve. 
"Enquanto a maioria foca nas superfícies, há fogo. Afogo-me e respiro"
São as rosas;

domingo, 7 de março de 2010

Objetos na praia




Roupas, móveis, utensílios e até um trator são marcas da tragédia. Tragédia em aos montes, tem uma para cada gosto, para cada indivíduo neste planeta. Com direito a repetir.

Escolha a sua. Nunca estará em falta. O que pode ser diferente e muitas vezes é.. é a maneira como lidar com as tragédias. No momento em que acontecem, parecem inevitáveis. Temos visão imediatista. Nos falta aquele dom aparentemente estúpido e infantil da “visão além do alcance”. Tandera só para celular não é mesmo? Mas a visão além do alcance serve não para ver o que está longe, mas para vislumbrar além do que está perto. Mudar o foco e consequentemente as ações.

Escolha um objeto na praia. E veja se ele diz algo a seu respeito. O objeto não falará nada, mas despertará em você a significação que vc atribui a ele e as emoções relacionadas a esta significação... complicado?

Não né...

assistir Educação, a Serious man, beijo roubado, Faith like potatos e vamos passear um pouco...

cuidado para não tropeçar na solidariedade política aos necessitados. Ajudar sim, fazer barulho sobre a ajuda, mais ainda. Ao invés do preceito bíblico do: o que der com uma mão não saiba a outra; o que se vê é um propagandismo e corrida maluca para mostrar ao mundo quem é o primeiro a ser solidário...

mas ainda existem objetos que nem à praia chegaram. O que há de se fazer por eles?
A vida é #Preciosa

As tragédias são ricas....

seja grega, chilena, haitiana, brasileira, moral, social, emocional, espiritual....as tragédias podem possuir uma significação de aprendizado... o que temos aprendido com elas?

Muitos aprenderam a institucionalizar ainda mais os discursos, as ações. Vestem uma camisa por dia. Vestem a mesma camisa por anos. Fedem do mesmo modo. A essência é a mesma...

Confusos, os seres humanos vivem construindo, vendendo, alugando e comprando causas para se viver.

Todos estabelecem mentalmente um q de espiritualidade. Determinam até que ponto acreditam no que não se pode ver. Em algo que não é mensurado em réguas ou calculadoras. Não se tira foto do vento, apenas das coisas por ele tocadas.

Reverência não é ignorância. A sabedoria é dada por Deus, para que tenhamos discernimento e inteligência para relacionar os conhecimentos adquiridos e transformar nossas ações para que ao amanhecer, possamos caminhar na praia, sem nos deparar com objetos de uma tragédia.

Diante da imagem inversa do espelho. Quem é você? Quem é seu semelhante? As experiências que Deus permitiu você passar em sua vida – independentemente do tempo e intensidade – são ferramentas de capacitação para que você possa honrar a Deus em sua vida. São pré-requisito para você ser usado por Deus para transformar a vida de outras pessoas.

Como um cão atrás do rabo. #LHC em busca da partícula de Deus. Partícula que faz de você alma vivente. Partícula transmitida ao homem em um sopro. Um sopro traz as ondas à praia... eis que caminho... encontrarei objetos?




Ainda escrevo


mais palavras