sexta-feira, 29 de julho de 2022
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terça-feira, 7 de junho de 2022
malhete social
As narrativas sobrepostas cotidianamente criam a atmosfera de convívio social. A integração favorece ao amadurecimento de significados e significantes, marcando capítulos da evolução da sociedade. No entanto, também revela as misérias do carácter tanto da massa, quanto do indivíduo. Cada um maneja seu malhete sem reconhecer as próprias mazelas, mas sobretudo mirando a de quem está próximo. Este comportamento cruel e instantâneo, aparentemente tão natural à espécie humana, por essência contadora de história, consolida conflitos e traumas na malha social influenciando a percepção a cerca das narrativas.
Deste modo, não basta apenas criar as mensagens e estruturar narrativas atrativas mirando em um específico significante sem considerar o contemporâneo perfil de comportamento individual e da massa no que tange ao julgamento do outro a partir das narrativas. A comunicação, seja corporativa, pública ou individual, não pode ser feita à revelia e em busca de um "engajamento momentâneo" sem considerar os rumos, onde irá desembocar a narrativa.
Fofocas corporativas, intrigas sociais, brigas de família, embates políticos, versões de uma mesma fé, distorções de prioridades, o malhete nunca foi tão usado, de forma intensa, até mesmo com transmissão ao vivo. Após o julgamento relâmpago, a execução sumária. Todo dia, todo o dia. Novos julgamentos são iniciados assim que a execução do primeiro termina, e muitas vezes o processo é simultâneo. Seja em casa, no trabalho, na família ou roda de amigos. O malhete social não se cansa ou se desgasta, mas ao subestimar o tempo, desconhece as profundas consequências do seu martelar.
terça-feira, 22 de junho de 2021
parágrafo
Não se trata de um desabafo. Não imagino como interpretará isso os olhos ou o algoritmo. Como lixo, ruído de fundo, textura perene ou material de descarte em contagem regressiva. Mais um texto que some na massa em resultados de pesquisas por palavras-chave, em sugestões de conteúdo e chuva de links. As TVs na parede e na estante deixaram de ornar o altar do tempo da tradicional família. Dificilmente as pessoas sentam em frente ao desktop para ler, consumir informação. Tampouco colocam para esquentar o colo os mais diversos modelos de notebook. A primeira tela agora é a famigerada segunda. Na palma da mão. E nem precisam estar olhando, pois os fones (sem fio) fazem aquilo que o radinho de pilha fez bem em outra geração, em outro tempo.
Deve-se saber o potencial de desdobramento, maturação e transformação da mensagem. O conteúdo então é reforçado, através das plataformas diversas e não apenas em uma. A mídia outdoor cada vez mais poluindo, pontuando e inovando na paisagem. Mensagens em cartazes, em placas, postes, em barramentos, eletrônicos, pessoas tropeçando em códigos QR, distribuindo e recolhendo dados sem perceber o que está nos termos de aceite. Aliás, os dedos nem imaginam o quanto consentimento têm dado, mais do que a assinatura à tinta. Papéis transformados, não invertidos. Mensagens que dizem mais do que se pensa, palavras que extrapolam a homônima canção.
Antes de produzir um conteúdo; pensar em quem, como e quando o consumirá? Será que basta? Ao estruturar a mensagem, considerar tudo o que se pretende com ela: simples manifestação, lançar ao universo sem pretensões; ou chegar a alguém e causar significantes? O que se quer? Ou "o que se quer saber de verdade"?
As coisas simples. Os acontecimentos aparentemente corriqueiros. Ignoramos tanto. Mesmo tendo ciência de que ignoramos, o máximo que fazemos é refletir, se condoer, valorizar algum, e seguir no automatismo de ignorar o simples e sofrer pelo complicado. Complicamos a felicidade, para evitar o "tédio" ou por temer não saber viver sem a frustração e busca. Tememos ou não sabemos viver a plena paz? Muitos consideram que ela nem mesmo existe. Revisitar o olhar, o tempo, as circunstâncias e o que realmente fica do que se faz e o que se faz do que fica. Experimente! Cada um tem seu rosebud. Após identificá-lo, é preciso saber vivenciá-lo.
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
A multiplicação de Mike Teavee
Ô Cridê; fala pra mãe, que a TV saiu da sala e agora empoderou-se na mão de cada cidadão. Senhor Wonka, um chocolate por favor, daqueles que nos fazem ficar anestesiados diante das mazelas que o indivíduo permitiu se incorporar ao comportamento natural cotidiano. Viciados em F5, para estarem sempre atualizados. Ter acesso a mais fatos (sejam estes determinantes na sociedade ou apenas sobre a rotina, extremamente corriqueira, da vida de uma pessoa). Ficar vidrado na vida de uma pessoa ou família e deixar de lado a própria; sem perceber a incoerência. Instaurar o mimetismo e transformar seus hábitos por meio das influências digitais recebidas, buscadas. Claro, muitas transformações para o bem acontecem. O joio e o trigo são separados no final, não é mesmo? Entretanto, o padrão de interferência social do comportamento das "teletelas" guiando olhares, palavras, dedos e decisões, aponta para uma atrofia, uma neutralização das questões humanas profundas, um processo de tornar superficial o saber, o sentir, o ver e interagir com o outro (fisicamente, pois sempre há um emoji, essa nova onomatopeia, para aconchegar digitalmente).
Andar pela rua, frequentar situações sociais costumeiras em almoços, reuniões, encontros, ou o lazer no sofá, nas varandas, ainda também nas calçadas, e tantos outros lugares. Realizar as tarefas diárias, do café, caminhada, banheiro, ócio e tanto mais. Mike Teavee multiplicado como gremilings. Tudo sempre conectado. Tudo sempre com a tela ali. Com a necessidade de lançar ao universo digital o que se passa, o que se sente, o que se come, a perspectiva da foto alcançada. Comunicar não é pecado. A dose da mensagem é o segredo para não atravancar o processo. O que chama a atenção é como o fluxo de comunicação está interferindo (ou revelando) o caráter das pessoas de forma tão rápida. A liquidez de uma sociedade. Seja no filme, na vida ou no universo estendido chamado realidade, obcecado com filmes violentos de gangsters, imitando o que vê nas telas e obcecado pela felicidade e satisfação alheia; não é mera coincidência. As pessoas estão não sendo sugadas pelas telas, mas estão se entregando a elas. Justificativas brotam de todos os lados, inclusive do divã.
Produtores de conteúdo, corporativos ou não, embrenham-se na corrida maluca de (sendo também personagem alvo do processo) entender a demanda, o comportamento de consumo da audiência, de produzir, reverberar e mensurar os resultados. Virou negócio. Arte, preço, produto. Não é um mundo de pura imaginação, mas um se entregar contínuo à alienação que satisfaça o passar das horas e soterrar o famigerado "conheça a ti mesmo".
Dica
terça-feira, 5 de novembro de 2019
Calculadora de Pescoço
Desde as peripécias do Hilbert Hotel, e muito antes, a matemática permeia as mais malucas elucubrações corporativas e sociais. Cada qual com seu paradoxo, a comunicação não podia ficar fora do mundo das planilhas, com apresentações estimulantes para impulsionar canetas a liberarem verbas, ações e estratégias. A lista de índices é enorme, ROI, Clipping, Valoração, Engajamento, Abrangência, Peso, Relevância, Retenção de mensagem, e tantas outras que os gestores se perdem como um apresentador de talk show no meio de uma montanha de cupons fazendo sorteios de natal.
Muitos profissionais se jogam nos buscadores online atrás de fórmulas e dicas. Na assessoria de imprensa a brincadeira é extensa, Consolidação de centímetro por coluna, espaço ocupado por quadrante, por tipo de página, investimento realizado, conversão do conteúdo online de pixel em cm/col versus valor comparado, ou valoração. O desempenho em redes sociais então... dependendo do tipo de mídia social, um leque de métricas automáticas e outras desenvolvidas estão à disposição. É preciso mensurar e analisar as mensurações, sem euforia e ingenuidades.Ver as palavras atreladas aos números e conseguir compreender os rumos da comunicação (antes, agora e depois), o lugar do sujeito no processo de significação e prospectar os próximos passos (não apenas repetir o planejamento do último período).
As faculdades não ensinam as métricas, não de forma aplicável; o mercado possui um padrão de cálculo e cada assessoria adapta à sua realidade (muitas vezes de forma equivocada) e as agências guardam suas fórmulas como carta de supertrunfo. Afora as referências, a mensuração das ações de comunicação e a análise dos desdobramentos evoca um profundo conhecimento do setor em que se atua, das reações esperadas, compreender a interrelação dos indicadores e como analisar os dados de forma a se desdobrar em diretrizes para ações de imediato, curto, médio e longo prazo. A inteligência não está na xícara de café ou na borra que fica.Não adianta gerar relatórios só para ocupar espaço e fazer cócegas no ego dos gestores, tampouco revestir com linguagem de marketing para galgar prêmios de entidades representativas, é fundamental que as análises da mensuração façam sentido para a organização, seja um ativo relevante.
Empoderados, gestores alternam entre o atacado e varejo da comunicação. Caminham pelas organizações como um agente de vendas, tendo o profissional de mensuração como uma calculadora presa ao pescoço, sempre pronto a sustentar argumentos e preencher lacunas. Defendendo orçamentos, analisando investimento e custos perante resultados e planejando os próximos passos.
Diferencial no mercado de comunicação tornou-se o profissional que sabe transitar entre o operacional e o estratégico. Domina os fluxos das plataformas e é versátil no uso da linguagem e restruturação de narrativas. Simultaneamente, sabe gerir planejamento, orçamento, custos, apropriações, consegue mensurar resultados, analisar a mensuração e projetar diretrizes que alimentam o processo, desdobrando-se no operacional e obviamente no estratégico. Essa calculadora pesa, pois sua bateria não é apenas salarial, e suas funções excedem até mesmo as científicas pós graduadas, pois este profissional tem apurada percepção para compreender números, palavras e a paisagem; para chegar a este patamar é fundamental além de formação acadêmica, continuar o processo de aprendizado de maneira multidisciplinar. Quando maduro, este profissional está pronto tanto para fazer a gestão, quanto para consolidar-se como especialista. Torna-se uma peça chave no tabuleiro corporativo, uma oportunidade e uma ameaça. Torna-se exemplo e alvo. Na maioria das estruturas, vira alvo, pois com medo de ser enforcado pela calculadora que não sabe usar, o gestor não a desliga, mas a joga contra a parede. Uma vida sem receita, mas com muito sabor.
A mensuração de resultados e oportunidades em comunicação é um ambiente atrativo e traiçoeiro (pois tem muitos vícios). Compreender as especificidades contribui para a evolução dos processos, bom uso das plataformas, relatórios úteis e relevantes, mudanças benéficas no ambiente corporativo e no potencial profissional de cada um.
Marketing Digital? Assista abaixo!
quinta-feira, 4 de julho de 2019
Esse estandarte recorrente
Repetidas. Batidas da canção que o coloca em movimento nas ruas. Seu ritmo de olhar a vida é tão volúvel como a escala das notas do solo. Ele tinha ciência de que não sabia de nada, e isto não mais era incômodo, ou motivo de sofrimento, tampouco consumia tempo.
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quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Espaço como experiência
A criação de significados e significantes (individuais e coletivos) opera os mecanismos de reputação que equilibram os fluxos sociais. Desorientado, o indivíduo em um mundo globalizado busca por referência em seu repertório e ao redor, para lidar com a nova configuração do pacto social. Uma globalização de recursos, de potenciais, de demandas e das mazelas; que gerou integração e sobreposição de culturas e mercados. Integrou-se assim os fluxos de apropriação territorial e estruturação dos padrões sociais, reverberando nos processos de comunicação.
No entanto, o âmbito das decisões pertence a uma microrrede (escala local) e a distribuição / padronização destas decisões transcorrem por uma macrorrede (escala global). Neste cenário, faz-se necessário compreender o espaço dos fluxos e o espaço dos lugares, para assim entender como atuar (interagir e influenciar).
A estrutura do emissor - mensagem - receptor - significante ganhou complexidade sob o aspecto do tempo, uma vez que os receptores são emissores em potencial. narradores e consumidores, sem necessidade de um meio oficial. A multiplicidade de plataformas, linguagens e audiência mudaram a paisagem. Cada indivíduo é um epicentro social de interação (estrutura e fluxos em rede). Neste ínterim, a evolução e desenvolvimento geram e alimentam a crise constituindo um movimento em onda. O movimento em onda do sistema trouxe uma nova configuração social de empoderamento e desequilíbrio.
Uma paradoxo pode ser observado. A Sociedade busca no dia a dia mais comodidade [espaço para crescer] - Desenvolve tecnologias, muda forma, comportamento e conteúdo das narrativas [empodera o consumo / crédito / poder - nova sociedade] - Gera crescimento, Desorientação e Dívida [instaura crise] = A Sociedade busca no dia a dia mais comunidade [mudança - renovação de ciclo].
Assim, a relação dos indivíduos com o tempo e espaço deixa de ser apenas algo na dimensão física. Antes de conceituar os espaços como público ou privado, é importante olhar tanto de longe (visão de paisagem) quanto de perto. Conforme discorre Manuel Castells em sua obra (Sociedade em Rede), a percepção do indivíduo sobre espaço e tempo alcança a dimensão da experiência, da vivência. Estrutura e função conforme as redes.
Acompanhando a ideia do espaço enquanto experiência, tem-se o espaço dos fluxos como algo na dimensão do Poder / Relações Sociais / Transição de paradigmas / Ambiente do Ator Social. Os espaços dos lugares configuram-se onde há Significante Cultural / Ambiente do Indivíduo.
A partir desta renovada leitura sobre os aspectos contemporâneos de organização social, pode-se obter uma visualização mais apurada da territorialidade e com isso construir de forma mais assertiva as estratégias de atuação enquanto ator (ser) social de forma a proteger-se enquanto indivíduo.
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terça-feira, 3 de julho de 2018
sangria
Era a sangria de um dia frio. Ele não sabia se o gosto do café era prosa ou verso. Bebia descomedido, em copos. Os acontecimentos ao redor não tinham corpos. Apenas fluxos.
"Eu vou comer realidades para cagar suas ilusões". Comer realidades; defecar suas ilusões. A congestão da alma ao tocar o espelho no balanço do vento que me revela. A sanidade de outrora agora convergira na atrocidade de palavras ácidas (será algo que comido foi?) e olhares ávidos por aconchego. A paz que excede o entendimento vem no alento que ultrapassa a rima. As pegadas da madrugada não deixam marcas, nem quando do céu desce orvalho, cobrindo-nos. Nus.
O que foram dedos entrelaçados de mãos cansadas, tornaram-se o monumento soterrado no canto da sala, onde nem as aranhas arquitetam.
Passado está o tempo das encruzilhadas. Momento sutil onde todas as possibilidades estiveram pujantes, latentes, extremamente atrativas e com potencial de sucesso. Feita a escolha... o caminho continua e você apenas vê, numa paralela que se afasta em outra dimensão, aquilo que fora possibilidade e que agora é uma pintura viva na paisagem. O vento à face é um virar de páginas em que percebemos por um instante a sobriedade de seguir.
As ilusões diárias são nutridas para distrair o indivíduo continuamente e abstê-lo de refletir sobre sua passagem no tempo e não a passagem do tempo por ele. O automatismo que garante a fluência social é a trava para a evolução buscada.
Cada momento ruminado, na certeza de que se apressado ou lento tudo acontece, ou não. Assim, a caminhada, pensada e repensada no caminhar pode revelar que os rumos, os tempos, os fins, finais e inícios são apenas aspectos, pontos de referência em uma teia que vai além das três dimensões, do mecanismo de criar e sobrepor padrões; da dinâmica de gerar e se entrelaçar aos significantes.
A digestão das ideias, a congestão dos sentimentos. O sono aconselha o inquieto enquanto reorganiza os móveis dos questionamentos no salão dos ideais do amanhecer.
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
emissário
Torta ao vento, a palavra enraizada segue seu rumo. Teus lábios como pétala de uma flor capturam meus sentidos no silêncio, e o tempo me impõe a tormenta da espera, esperança. Sempre há um pouco de partida em cada espera.
Ninguém é mais o mesmo. Este eterno clichê.
Borboletas na janela
o vidro é a retina dos meus olhos
bloqueio natural para o que belo é
corpo em trânsito no elixir da vida
as rimas contornam os poros dela
certeza do rumo do acaso que é
destino
escorrem dos olhos
o que a chuva não faz escorrer das janelas
O mesmo é mais ninguém. Clichê eterno este.
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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
o que se quer
Uma análise ponderada sobre as ações de sustentabilidade (de todos os atores sociais) pontuadas pelo agenda setting, percebe-se que a multiplicidade envolve a todos em uma noção equivocada de transparência e responsabilização. As empresas não estão preocupadas com a atuação em localidades, as chamadas comunidades. Tampouco as consultorias por elas contratadas (visam lucro e reputação), ou as certificadoras que fiscalizam processos (visam reputação e ampliação de mercado controlado). Tudo é arquitetado para se obter uma licença social, uma aceitação de intervenção e presença de forma a controlar tensões e conflitos de interesses sem atrapalhar o fluxo do desenvolvimento econômico. A gestão pública não está interessada em primeiro plano na demanda da população, mas sim na manutenção do poder e para isso negocia benefícios, emendas, recursos, cargos e os rotula de ação social e estratégia. O atendimento popular é então apenas o efeito de retardo das articulações, o efeito colateral da defesa de interesses de quem está no poder. Assim, toda ação social contemporânea carrega um retrogosto de interesse financeiro, com tons aromáticos de vaidade (até mesmo misturado de altruísmo).
A ansiedade por obter boa imagem faz de todos “lobos em pele de cordeiro” alternando-se entre ser a vítima e o carrasco. Faz-se necessário definir antes de agir qual o nível aceitável de hipocrisia ou transparência ao se estabelecer as relações. O mesmo deve ser definido no discurso propagado. A grande vítima por outro lado (comunidades), não apenas é lesada, mas também se faz algoz, em proporções devidas. Não está preocupada tanto assim com o próximo, mas essencialmente consigo mesmo, com sua subsistência e posteriormente com sua alavancada na qualidade de vida, rumo ao status de quem detém poder, ou pelo menos quem não sofre tanto com ele. A preocupação com o meio ambiente não é amor à natureza, mas interesse em manter viável o local em que vive e de onde retira recursos. Por muitas vezes é até uma submissão de subsistência a alguma crença. Outrossim, pessoas condenam a iniciativa privada ao mesmo tempo em que almejam um cargo dentro delas, para essencialmente repetir o que já é feito.
Chove dentro e fora. As mudanças existem. Encontrei em uma caminhada sem precedentes pessoas simples. Simplicidade que não se refere a posses, a vestuário ou vocabulário. Mas uma simplicidade de olhar a vida e tocar o outro. A maneira leve de perceber as coisas complexas da vida sem afetar-se em um processo destrutivo, ou filantrópico. Tampouco essas pessoas desejam divulgação de seus atos, nomes, imagem. Nem dinheiro, nem abraços. Não era condicional o que faziam. Suas necessidades eram supridas de outra forma. Não eram santos no sentido sacro, pois cada qual guardava suas imperfeições, mas talvez o eram no sentido da palavra, “separados” diferentes de um modo que todos podem ser.
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domingo, 18 de junho de 2017
poça passo peço
A iminência de um passo. A gota formada desce pelo ar sem mira, sem esperança alguma, sem qualquer pensamento sobre passado presente e futuro. Sem preocupar-se com o estado em que se encontra, sem ao menos ter ciência de sua pureza. Cai, repousa na face de quem o céu observa na esperança de ser refrigerado, corpo e alma. Durante uma caminhada o automatismo mantém em movimento o corpo enquanto a mente se liberta para buscar soluções, rumos, tempo. “A falta de alternativas clarifica maravilhosamente a mente.(Henry Kissinger)". Uma mente clarificada, sem as névoas do dia a dia, permite perceber a vida, o ambiente ao derredor, de uma forma diferente. Entre as formas de tocar, a mais intensa é o olhar. Suas camadas, suas cores e seus versos. Não melhor ou pior, mas diferente. Seu doce vai além da formiga que chama ao vento.
Assim o tempo se embrenha no vento e dobra sobre os poros, escorre pelo olhar, mantém-se tempo, vento. O ruminar memórias de estrangeiros, os passos de Marco Polo revelando invisíveis curvas que dobram conceitos. O segredo das pisadas não está na direção. Se te escrevo me descrevo, me embrenho e ainda respiro.
Esse laço desfeito sobre nossas cabeças que solta-nos ao ar em uma queda onde a liberdade é o tormento de distanciar-se do que se deseja. Você não compreende o que é fazer da palavra um punho fechado a esmagar o coração no peito, comprimindo suas batidas, espremendo o que corre nas veias.
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Plenamente belo, o beija-flor perpassa os fios do vento carregando em si o pólem da esperança, o sabor do verso de amor. Antes de pousar, o beijo, o momento delicado de reverter a física a favor de um instante. Meu olhar encontrou repouso no seu voo. Os ambientes passavam e entravam dentro de mim.
domingo, 4 de junho de 2017
Tensão Superficial
quarta-feira, 19 de abril de 2017
eis
O modelamento político não é sólido, tampouco o contrato social e o pacto social. Se tudo que é sólido se desfaz no ar, como disse uma vez Marx; tudo o que está no ar será em algum momento absorvido por nossas narinas, interiorizado e posteriormente externalizado em algum paradigma social... assim nem a liquidez de Bauman permanecerá por muito tempo, uma vez que estamos em uma era transitiva. O porvir descortinará o que há além dos clichês sociológicos e antropológicos. Ele nos apresentará a vanguarda que ainda não versamos sobre.
Há uma iminente necessidade de se compreender a ruptura do pacto e do contrato social. Fato que evoca uma revisão dos mesmos, pois isso gera oscilação do equilíbrio social, revisão de valores e definição de novos padrões sociais (morais e etc).
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