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sexta-feira, 29 de julho de 2022

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#Seguimos Diversificar o material, as narrativas de uma cultura organizacional que amadurece e mostra resiliência ao transitar pelo conflito de gerações sem perder sua essência e sem descaracterizar sua atividade fim. Desta forma a área de comunicação se desdobra entre equilibrar o famigerado orçamento, o hiperestímulo das novas tecnologias, a capacidade técnica dos funcionários, o perfil de retenção de mensagem do público-alvo e a cobrança contínua dos clientes. A busca por um "algo mais" não deve ser apenas para receber elogios. A comunicação corporativa deve servir ao propósito da atividade fim da empresa e respectivos desdobramentos correlacionados. 






terça-feira, 7 de junho de 2022

malhete social




As narrativas sobrepostas cotidianamente criam a atmosfera de convívio social. A integração favorece ao amadurecimento de significados e significantes, marcando capítulos da evolução da sociedade. No entanto, também revela as misérias do carácter tanto da massa, quanto do indivíduo. Cada um maneja seu malhete sem reconhecer as próprias mazelas, mas sobretudo mirando a de quem está próximo. Este comportamento cruel e instantâneo, aparentemente tão natural à espécie humana,  por essência contadora de história, consolida conflitos e traumas na malha social influenciando a percepção a cerca das narrativas. 

Deste modo, não basta apenas criar as mensagens e estruturar narrativas atrativas mirando em um específico significante sem considerar o contemporâneo perfil de comportamento individual e da massa no que tange ao julgamento do outro a partir das narrativas. A comunicação, seja corporativa, pública ou individual, não pode ser feita à revelia e em busca de um "engajamento momentâneo" sem considerar os rumos, onde irá desembocar a narrativa.

Fofocas corporativas, intrigas sociais, brigas de família, embates políticos, versões de uma mesma fé, distorções de prioridades, o malhete nunca foi tão usado, de forma intensa, até mesmo com transmissão ao vivo. Após o julgamento relâmpago, a execução sumária. Todo dia, todo o dia. Novos julgamentos são iniciados assim que a execução do primeiro termina, e muitas vezes o processo é simultâneo. Seja em casa, no trabalho, na família ou roda de amigos. O malhete social não se cansa ou se desgasta, mas ao subestimar o tempo, desconhece as profundas consequências do seu martelar.

terça-feira, 22 de junho de 2021

parágrafo


Não se trata de um desabafo. Não imagino como interpretará isso os olhos ou o algoritmo. Como lixo, ruído de fundo, textura perene ou material de descarte em contagem regressiva. Mais um texto que some na massa em resultados de pesquisas por palavras-chave, em sugestões de conteúdo e chuva de links. As TVs na parede e na estante deixaram de ornar o altar do tempo da tradicional família. Dificilmente as pessoas sentam em frente ao desktop para ler, consumir informação. Tampouco colocam para esquentar o colo os mais diversos modelos de notebook. A primeira tela agora é a famigerada segunda. Na palma da mão. E nem precisam estar olhando, pois os fones (sem fio) fazem aquilo que o radinho de pilha fez bem em outra geração, em outro tempo. 

Deve-se saber o potencial de desdobramento, maturação e transformação da mensagem. O conteúdo então é reforçado, através das plataformas diversas e não apenas em uma. A mídia outdoor cada vez mais poluindo, pontuando e inovando na paisagem. Mensagens em cartazes, em placas, postes, em barramentos, eletrônicos, pessoas tropeçando em códigos QR, distribuindo e recolhendo dados sem perceber o que está nos termos de aceite. Aliás, os dedos nem imaginam o quanto consentimento têm dado, mais do que a assinatura à tinta. Papéis transformados, não invertidos. Mensagens que dizem mais do que se pensa, palavras que extrapolam a homônima canção. 

Antes de produzir um conteúdo; pensar em quem, como e quando o consumirá? Será que basta? Ao estruturar a mensagem, considerar tudo o que se pretende com ela: simples manifestação, lançar ao universo sem pretensões; ou chegar a alguém e causar significantes? O que se quer? Ou "o que se quer saber de verdade"? 

As coisas simples. Os acontecimentos aparentemente corriqueiros. Ignoramos tanto. Mesmo tendo ciência de que ignoramos, o máximo que fazemos é refletir, se condoer, valorizar algum, e seguir no automatismo de ignorar o simples e sofrer pelo complicado. Complicamos a felicidade, para evitar o "tédio" ou por temer não saber viver sem a frustração e busca. Tememos ou não sabemos viver a plena paz? Muitos consideram que ela nem mesmo existe. Revisitar o olhar, o tempo, as circunstâncias e o que realmente fica do que se faz e o que se faz do que fica. Experimente! Cada um tem seu rosebud. Após identificá-lo, é preciso saber vivenciá-lo.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A multiplicação de Mike Teavee



Ô Cridê; fala pra mãe, que a TV saiu da sala e agora empoderou-se na mão de cada cidadão. Senhor Wonka, um chocolate por favor, daqueles que nos fazem ficar anestesiados diante das mazelas que o indivíduo permitiu se incorporar ao comportamento natural cotidiano. Viciados em F5, para estarem sempre atualizados. Ter acesso a mais fatos (sejam estes determinantes na sociedade ou apenas sobre a rotina, extremamente corriqueira, da vida de uma pessoa). Ficar vidrado na vida de uma pessoa ou família e deixar de lado a própria; sem perceber a incoerência. Instaurar o mimetismo e transformar seus hábitos por meio das influências digitais recebidas, buscadas. Claro, muitas transformações para o bem acontecem. O joio e o trigo são separados no final, não é mesmo? Entretanto, o padrão de interferência social do comportamento das "teletelas" guiando olhares, palavras, dedos e decisões, aponta para uma atrofia, uma neutralização das questões humanas profundas, um processo de tornar superficial o saber, o sentir, o ver e interagir com o outro (fisicamente, pois sempre há um emoji, essa nova onomatopeia, para aconchegar digitalmente).

Andar pela rua, frequentar situações sociais costumeiras em almoços, reuniões, encontros, ou o lazer no sofá, nas varandas, ainda também nas calçadas, e tantos outros lugares. Realizar as tarefas diárias, do café, caminhada, banheiro, ócio e tanto mais. Mike Teavee multiplicado como gremilings. Tudo sempre conectado. Tudo sempre com a tela ali. Com a necessidade de lançar ao universo digital o que se passa, o que se sente, o que se come, a perspectiva da foto alcançada. Comunicar não é pecado. A dose da mensagem é o segredo para não atravancar o processo. O que chama a atenção é como o fluxo de comunicação está interferindo (ou revelando) o caráter das pessoas de forma tão rápida. A liquidez de uma sociedade. Seja no filme, na vida ou no universo estendido chamado realidade, obcecado com filmes violentos de gangsters, imitando o que vê nas telas e obcecado pela felicidade e satisfação alheia; não é mera coincidência. As pessoas estão não sendo sugadas pelas telas, mas estão se entregando a elas. Justificativas brotam de todos os lados, inclusive do divã.

Produtores de conteúdo, corporativos ou não, embrenham-se na corrida maluca de (sendo também personagem alvo do processo) entender a demanda, o comportamento de consumo da audiência, de produzir, reverberar e mensurar os resultados. Virou negócio. Arte, preço, produto. Não é um mundo de pura imaginação, mas um se entregar contínuo à alienação que satisfaça o passar das horas e soterrar o famigerado "conheça a ti mesmo".




Dica

O canal da Maíra é um refrigério narrativo, sempre com uma abordagem interessante; com um ritmo diferente de olhar e respirar a vida. Vale a pena




terça-feira, 5 de novembro de 2019

Calculadora de Pescoço


Desde as peripécias do Hilbert Hotel, e muito antes, a matemática permeia as mais malucas elucubrações corporativas e sociais. Cada qual com seu paradoxo, a comunicação não podia ficar fora do mundo das planilhas, com apresentações estimulantes para impulsionar canetas a liberarem verbas, ações e estratégias. A lista de índices é enorme, ROI, Clipping, Valoração, Engajamento, Abrangência, Peso, Relevância, Retenção de mensagem, e tantas outras que os gestores se perdem como um apresentador de talk show no meio de uma montanha de cupons fazendo sorteios de natal.

Muitos profissionais se jogam nos buscadores online atrás de fórmulas e dicas. Na assessoria de imprensa a brincadeira é extensa, Consolidação de centímetro por coluna, espaço ocupado por quadrante, por tipo de página, investimento realizado, conversão do conteúdo online de pixel em cm/col versus valor comparado, ou valoração. O desempenho em redes sociais então... dependendo do tipo de mídia social, um leque de métricas automáticas e outras desenvolvidas estão à disposição. É preciso mensurar e analisar as mensurações, sem euforia e ingenuidades.Ver as palavras atreladas aos números e conseguir compreender os rumos da comunicação (antes, agora e depois), o lugar do sujeito no processo de significação e prospectar os próximos passos (não apenas repetir o planejamento do último período).

As faculdades não ensinam as métricas, não de forma aplicável; o mercado possui um padrão de cálculo e cada assessoria adapta à sua realidade (muitas vezes de forma equivocada) e as agências guardam suas fórmulas como carta de supertrunfo. Afora as referências, a mensuração das ações de comunicação e a análise dos desdobramentos evoca um profundo conhecimento do setor em que se atua, das reações esperadas, compreender a interrelação dos indicadores e como analisar os dados de forma a se desdobrar em diretrizes para ações de imediato, curto, médio e longo prazo. A inteligência não está na xícara de café ou na borra que fica.Não adianta gerar relatórios só para ocupar espaço e fazer cócegas no ego dos gestores, tampouco revestir com linguagem de marketing para galgar prêmios de entidades representativas, é fundamental que as análises da mensuração façam sentido para a organização, seja um ativo relevante.

Empoderados, gestores alternam entre o atacado e varejo da comunicação. Caminham pelas organizações como um agente de vendas, tendo o profissional de mensuração como uma calculadora presa ao pescoço, sempre pronto a sustentar argumentos e preencher lacunas. Defendendo orçamentos, analisando investimento e custos perante resultados e planejando os próximos passos.

Diferencial no mercado de comunicação tornou-se o profissional que sabe transitar entre o operacional e o estratégico. Domina os fluxos das plataformas e é versátil no uso da linguagem e restruturação de narrativas. Simultaneamente, sabe gerir planejamento, orçamento, custos, apropriações, consegue mensurar resultados, analisar a mensuração e projetar diretrizes que alimentam o processo, desdobrando-se no operacional e obviamente no estratégico. Essa calculadora pesa, pois sua bateria não é apenas salarial, e suas funções excedem até mesmo as científicas pós graduadas, pois este profissional tem apurada percepção para compreender números, palavras e a paisagem; para chegar a este patamar é fundamental além de formação acadêmica, continuar o processo de aprendizado de maneira multidisciplinar. Quando maduro, este profissional está pronto tanto para fazer a gestão, quanto para consolidar-se como especialista. Torna-se uma peça chave no tabuleiro corporativo, uma oportunidade e uma ameaça. Torna-se exemplo e alvo. Na maioria das estruturas, vira alvo, pois com medo de ser enforcado pela calculadora que não sabe usar, o gestor não a desliga, mas a joga contra a parede. Uma vida sem receita, mas com muito sabor.

A mensuração de resultados e oportunidades em comunicação é um ambiente atrativo e traiçoeiro (pois tem muitos vícios). Compreender as especificidades contribui para a evolução dos processos, bom uso das plataformas, relatórios úteis e relevantes, mudanças benéficas no ambiente corporativo e no potencial profissional de cada um.

Marketing Digital? Assista abaixo!




quinta-feira, 4 de julho de 2019

Esse estandarte recorrente




O pensamento social estaciona, rumina e reverbera a preocupação com a coerência. Coerência entre gestos e valores definidos como padrão social. Na rede de conceitos em interseção e mudança, riscos, crises, imagem e reputação ornam estandarte de instituições, seja CPF ou CNPJ. Todos anseiam uma boa reputação e muito fazer para construí-la e proteger. A leitura de Gestão da Reputação (Elisa Prado - Aberje) é boa pedida.

Já comentei sobre isso aqui... Empresas forjam um discurso de transparência para criar um acessório à marca e assim realizar a manutenção da reputação. Para funcionar, é preciso conhecer a dinâmica social da personificação. A partir disso, a organização deve definir os conceitos que norteiam a cultura da empresa de forma a designar a gestores a função operacional de transmitir no dia a dia, via comunicação face a face, a cultura e o posicionamento da empresa. Como não atuam na maior parte do tempo no cenário atual (mar de rosas), mas variavelmente em aspectos adversos (mar de espinhos) as empresas precisam manter atualizado o cálculo e o apetite a risco. A reputação é responsabilidade de todos os funcionários e quando obtida por comportamento e postura adequados não exige esforço de blindagem, pois seu reforço é natural. Diante da crise de imagem, a reputação bem construída já é em si o propulsor da recuperação. Alguns profissionais, artistas e empresas podem ser exemplo. 

Entretanto, cada um entende de uma forma. “Comunicação não é o que você diz, mas o que o outro entende”(David Ogilvy). Com um perfil de leitura baixo, a massa essencialmente se informa via o antigo “boca a boca” ou seja, se informa pela codificação de um porta voz que relata a percepção e não o fato. Este cenário compromete o pensamento crítico uma vez que o limita. Grandes pensadores de "compartilhamento, retuítes e aspas". Resultado? Convivemos com pessoas que são ácidas em criticar, julgar e até mesmo sentenciar (às vezes até mesmo executar a pena); todavia, debruçadas em interpretações de outros, em pensamentos formatados, conclusões induzidas. Falam de uma lei sem a ter lido, interpretam um comportamento sem conhecer os procedimentos, fluxos e normativos que o envolvem. Adoram assentar-se no trono social e gozar do poder, sem o preparo necessário para exercê-lo. Adoram entupir as ruas para reclamar da situação e da oposição, mas não exercem as pressões via mecanismos democráticos além do voto: presença em reuniões ordinárias, petições em gabinetes dos representantes eleitos, acompanhamento das informações de prestação de contas, realização de audiências públicas ou reuniões comunitárias com líderes. É mais fácil e perceptível fazer barulho, ou tumulto, mas isso muda algo? A curto, médio e longo prazo? Acredito que ações simultâneas de manifestação em várias frentes teria mais efeito, pode ser que menos impacto e mídia, mas talvez se aproximasse do objetivo. tempo de violência, e não mais somente nas telas do cinema, mas intensificada no dia a dia, independente do local, horário e vestimenta. Na era dos extremos, diálogo algum tem êxito, pois a dinâmica das conversas têm sido sobreposições de opiniões.

O conceito de compliance é a nova moda conceitual do mundo corporativo (que já passou por responsabilidade social, qualidade de vida, sustentabilidade, qualidade total, e tantos outros"), mas ele remete a uma premissa básica, a do exemplo, coerência. Agir conforme os valores, estando isso escrito ou não, estando alguém olhando ou não. 

Evite intermediários e busque ir o mais próximo possível da fonte de informações e confronte versões. Questionar é uma virtude, conciliar versões em uma interpretação para então formar opinião é um bom exercício. A reputação é um estandarte que não se põe na janela ou no peito, menos ainda em discursos. Outrossim, é percebida.

Repetidas. Batidas da canção que o coloca em movimento nas ruas. Seu ritmo de olhar a vida é tão volúvel como a escala das notas do solo. Ele tinha ciência de que não sabia de nada, e isto não mais era incômodo, ou motivo de sofrimento, tampouco consumia tempo. 

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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Espaço como experiência


A criação de significados e significantes (individuais e coletivos) opera os mecanismos de reputação que equilibram os fluxos sociais.  Desorientado, o indivíduo em um mundo globalizado busca por referência em seu repertório e ao redor, para lidar com a nova configuração do pacto social. Uma globalização de recursos, de potenciais, de demandas e das mazelas; que gerou integração e sobreposição de culturas e mercados. Integrou-se assim os fluxos de apropriação territorial e estruturação dos padrões sociais, reverberando nos processos de comunicação.

No entanto, o âmbito das decisões pertence a uma microrrede (escala local) e a distribuição / padronização destas decisões transcorrem por uma macrorrede (escala global). Neste cenário, faz-se necessário compreender o espaço dos fluxos e o espaço dos lugares, para assim entender como atuar (interagir e influenciar).

A estrutura do emissor - mensagem  - receptor - significante ganhou complexidade sob o aspecto do tempo, uma vez que os receptores são emissores em potencial. narradores e consumidores, sem necessidade de um meio oficial. A multiplicidade de plataformas, linguagens e audiência mudaram a paisagem. Cada indivíduo é um epicentro social de interação (estrutura e fluxos em rede). Neste ínterim, a evolução e desenvolvimento  geram e alimentam a crise constituindo um movimento em onda. O movimento em onda do sistema trouxe uma nova configuração social de empoderamento e desequilíbrio.

Uma paradoxo pode ser observado. A Sociedade busca no dia a dia mais comodidade [espaço para crescer] - Desenvolve tecnologias, muda forma, comportamento e conteúdo das narrativas [empodera o consumo / crédito / poder - nova sociedade] - Gera crescimento, Desorientação e Dívida [instaura crise] = A Sociedade busca no dia a dia mais comunidade [mudança - renovação de ciclo].

Assim, a relação dos indivíduos com o tempo e espaço deixa de ser apenas algo na dimensão física. Antes de conceituar os espaços como público ou privado, é importante olhar tanto de longe (visão de paisagem) quanto de perto. Conforme discorre Manuel Castells em sua obra (Sociedade em Rede), a percepção do indivíduo sobre espaço e tempo alcança a dimensão da experiência, da vivência. Estrutura e função conforme as redes.

Acompanhando a ideia do espaço enquanto experiência, tem-se o espaço dos fluxos como algo na dimensão do Poder / Relações Sociais / Transição de paradigmas / Ambiente do Ator Social. Os espaços dos lugares configuram-se onde há Significante Cultural / Ambiente do Indivíduo.

A partir desta renovada leitura sobre os aspectos contemporâneos de organização social, pode-se  obter uma visualização mais apurada da territorialidade e com isso construir de forma mais assertiva as estratégias de atuação enquanto ator (ser) social de forma a proteger-se enquanto indivíduo.



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terça-feira, 3 de julho de 2018

sangria



Era a sangria de um dia frio. Ele não sabia se o gosto do café era prosa ou verso. Bebia descomedido, em copos. Os acontecimentos ao redor não tinham corpos. Apenas fluxos.

"Eu vou comer realidades para cagar suas ilusões". Comer realidades; defecar suas ilusões. A congestão da alma ao tocar o espelho no balanço do vento que me revela. A sanidade de outrora agora convergira na atrocidade de palavras ácidas (será algo que comido foi?) e olhares ávidos por aconchego. A paz que excede o entendimento vem no alento que ultrapassa a rima. As pegadas da madrugada não deixam marcas, nem quando do céu desce orvalho, cobrindo-nos. Nus.

O que foram dedos entrelaçados de mãos cansadas, tornaram-se o monumento soterrado no canto da sala, onde nem as aranhas arquitetam.

Passado está o tempo das encruzilhadas. Momento sutil onde todas as possibilidades estiveram pujantes, latentes, extremamente atrativas e com potencial de sucesso. Feita a escolha... o caminho continua e você apenas vê, numa paralela que se afasta em outra dimensão, aquilo que fora possibilidade e que agora é uma pintura viva na paisagem. O vento à face é um virar de páginas em que percebemos por um instante a sobriedade de seguir.

As ilusões diárias são nutridas para distrair o indivíduo continuamente e abstê-lo de refletir sobre sua passagem no tempo e não a passagem do tempo por ele. O automatismo que garante a fluência social é a trava para a evolução buscada.

Cada momento ruminado, na certeza de que se apressado ou lento tudo acontece, ou não. Assim, a caminhada, pensada e repensada no caminhar pode revelar que os rumos, os tempos, os fins, finais e inícios são apenas aspectos, pontos de referência em uma teia que vai além das três dimensões, do mecanismo de criar e sobrepor padrões; da dinâmica de gerar e se entrelaçar aos significantes.

A digestão das ideias, a congestão dos sentimentos. O sono aconselha o inquieto enquanto reorganiza os móveis dos questionamentos no salão dos ideais do amanhecer.



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

emissário


Torta ao vento, a palavra enraizada segue seu rumo. Teus lábios como pétala de uma flor capturam meus sentidos no silêncio, e o tempo me impõe a tormenta da espera, esperança. Sempre há um pouco de partida em cada espera.


O dia nos nasce com um modo de perceber que depende de diversos fatores. Mas hoje foi um dia que brilhava sem agredir as vistas, que aquecia sem incomodar e refrescava sem deixar os pelos do braço em riste. Envolvemos nossa mente em uma série de frustrações do outro e de si, e acreditamos um dia tropeçar na cura para tais mazelas. Por vezes recorrentes buscamos o que não precisamos. Criamos conceitos que não se aplicam ao nosso repertório e depois sofremos com eles. E ainda desejamos tropeçar na cura que cai do céu. O dia então nos embala no aconchego do tempo para sentirmos ao invés de apenas passar. Sobrepõem-se então todas as sensações e o texto perde a pontuação. O dia despido da manhã, lavado da tarde, se embrenha na noite. O dia nos adormece, na esperança sem norte, até o porvir que não se anuncia.

Ninguém é mais o mesmo. Este eterno clichê. 

Borboletas na janela
o vidro é a retina dos meus olhos
bloqueio natural para o que belo é

corpo em trânsito no elixir da vida
as rimas contornam os poros dela
certeza do rumo do acaso que é
destino

escorrem dos olhos

o que a chuva não faz escorrer das janelas
O mesmo é mais ninguém. Clichê eterno este.


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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

o que se quer



Uma análise ponderada sobre as ações de sustentabilidade (de todos os atores sociais) pontuadas pelo agenda setting, percebe-se que a multiplicidade envolve a todos em uma noção equivocada de transparência e responsabilização. As empresas não estão preocupadas com a atuação em localidades, as chamadas comunidades. Tampouco as consultorias por elas contratadas (visam lucro e reputação), ou as certificadoras que fiscalizam processos (visam reputação e ampliação de mercado controlado). Tudo é arquitetado para se obter uma licença social, uma aceitação de intervenção e presença de forma a controlar tensões e conflitos de interesses sem atrapalhar o fluxo do desenvolvimento econômico. A gestão pública não está interessada em primeiro plano na demanda da população, mas sim na manutenção do poder e para isso negocia benefícios, emendas, recursos, cargos e os rotula de ação social e estratégia. O atendimento popular é então apenas o efeito de retardo das articulações, o efeito colateral da defesa de interesses de quem está no poder. Assim, toda ação social contemporânea carrega um retrogosto de interesse financeiro, com tons aromáticos de vaidade (até mesmo misturado de altruísmo).

A ansiedade por obter boa imagem faz de todos “lobos em pele de cordeiro” alternando-se entre ser a vítima e o carrasco. Faz-se necessário definir antes de agir qual o nível aceitável de hipocrisia ou transparência ao se estabelecer as relações. O mesmo deve ser definido no discurso propagado. A grande vítima por outro lado (comunidades), não apenas é lesada, mas também se faz algoz, em proporções devidas. Não está preocupada tanto assim com o próximo, mas essencialmente consigo mesmo, com sua subsistência e posteriormente com sua alavancada na qualidade de vida, rumo ao status de quem detém poder, ou pelo menos quem não sofre tanto com ele. A preocupação com o meio ambiente não é amor à natureza, mas interesse em manter viável o local em que vive e de onde retira recursos. Por muitas vezes é até uma submissão de subsistência a alguma crença. Outrossim, pessoas condenam a iniciativa privada ao mesmo tempo em que almejam um cargo dentro delas, para essencialmente repetir o que já é feito.

Chove dentro e fora. As mudanças existem. Encontrei em uma caminhada sem precedentes pessoas simples. Simplicidade que não se refere a posses, a vestuário ou vocabulário. Mas uma simplicidade de olhar a vida e tocar o outro. A maneira leve de perceber as coisas complexas da vida sem afetar-se em um processo destrutivo, ou filantrópico. Tampouco essas pessoas desejam divulgação de seus atos, nomes, imagem. Nem dinheiro, nem abraços. Não era condicional o que faziam. Suas necessidades eram supridas de outra forma. Não eram santos no sentido sacro, pois cada qual guardava suas imperfeições, mas talvez o eram no sentido da palavra, “separados” diferentes de um modo que todos podem ser.

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domingo, 18 de junho de 2017

poça passo peço



A iminência de um passo. A gota formada desce pelo ar sem mira, sem esperança alguma, sem qualquer pensamento sobre passado presente e futuro. Sem preocupar-se com o estado em que se encontra, sem ao menos ter ciência de sua pureza. Cai, repousa na face de quem o céu observa na esperança de ser refrigerado, corpo e alma. Durante uma caminhada o automatismo mantém em movimento o corpo enquanto a mente se liberta para buscar soluções, rumos, tempo. “A falta de alternativas clarifica maravilhosamente a mente.(Henry Kissinger)". Uma mente clarificada, sem as névoas do dia a dia, permite perceber a vida, o ambiente ao derredor, de uma forma diferente. Entre as formas de tocar, a mais intensa é o olhar. Suas camadas, suas cores e seus versos. Não melhor ou pior, mas diferente. Seu doce vai além da formiga que chama ao vento.

Assim o tempo se embrenha no vento e dobra sobre os poros, escorre pelo olhar, mantém-se tempo, vento. O ruminar memórias de estrangeiros, os passos de Marco Polo revelando invisíveis curvas que dobram conceitos. O segredo das pisadas não está na direção. Se te escrevo me descrevo, me embrenho e ainda respiro.

Esse laço desfeito sobre nossas cabeças que solta-nos ao ar em uma queda onde a liberdade é o tormento de distanciar-se do que se deseja. Você não compreende o que é fazer da palavra um punho fechado a esmagar o coração no peito, comprimindo suas batidas, espremendo o que corre nas veias.
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Plenamente belo, o beija-flor perpassa os fios do vento carregando em si o pólem da esperança, o sabor do verso de amor. Antes de pousar, o beijo, o momento delicado de reverter a física a favor de um instante. Meu olhar encontrou repouso no seu voo. Os ambientes passavam e entravam dentro de mim.

domingo, 4 de junho de 2017

Tensão Superficial


A Política Externa e suas interfaces

A partir da leitura da realizada pela abordagem de Zygmunt Bauman, onde a modernidade revela uma sociedade líquida, podemos expandir o olhar e refletir acerca da percepção dos movimentos da organização social. A liquidez da sociedade, seus conceitos e suas relações, atribuem ao indivíduo uma nova vertente de comportamento e de busca para alcançar um estado de harmonia. A perenidade já não é mais um estado viável, pois segundo Bauman, "Nada foi feito para durar", tudo então é transição. A referida transição, segundo a liquidez de Bauman se ampara no desejo individual extrapolado para o coletivo. Um bom vinho e as armas adequadas para degustar a líquida sociedade.

Diante de um mundo líquido, onde cada um é potencial produtor e reverberador de conteúdo, é preciso ter muita maturidade ao se falar de política e não apenas ter o vigor da paixão. O ser humano, animal político e social, não pode confundir esta vocação de sociabilização (por meio da política) com paixão, desejo íntimo de saciar-se. As intermitências da ética materializam os lapsos humanos em defender os interesses íntimos travestidos de bem comum e bem-estar social. A história das nações e seus ciclos de poder revelam como cada vez mais a sociedade sofre com os abalos da moral humana.

O “derretimento dos sólidos”, traço permanente da modernidade, adquiriu, portanto, um novo sentido, e, mais que tudo, foi redirecionado a um novo alvo, e um dos principais efeitos desse redirecionamento foi a dissolução das forças que poderiam ter mantido a questão da ordem e do sistema na agenda política. Os sólidos que estão para ser lançados no cadinho e os que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade fluida, são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas – os padrões de comunicação e coordenação entre as políticas de vida conduzidas individualmente, de um lado, e as ações políticas de coletividades humanas, de outro (BAUMAN, 2001, p. 12).

Na leitura da sociedade líquida, percebe-se um ponto de tensão determinante para a organização social. As relações Internacionais e devidos desdobramentos. A política externa transita pela tensão superficial da sociedade.

A Tensão Superficial é o fenômeno físico pelo qual passa todos os líquidos. Este fenômeno consiste na formação de uma espécie de membrana elástica em suas extremidades. Trata-se da tendência de todas as moléculas do líquido a se compactarem em direção ao centro de massa, pois existe sempre uma resultante em todas as moléculas que aponta para o centro, de forma que criem a superfície externa de menor área possível, uma vez que todo sistema mecânico tende a adotar o estado de menor energia potencial.

"A tensão superficial da água é resultado das ligações de hidrogênio, que são forças intermoleculares causadas pela atração dos hidrogênios de determinadas moléculas de água (que são os polos positivos (H+)) com os oxigênios das moléculas vizinhas (que são os polos negativos (O-)). No entanto, a força de atração das moléculas na superfície da água é diferente da força que ocorre entre as moléculas abaixo da superfície. Isso ocorre porque essas últimas apresentam atração por outras moléculas de água em todas as direções: para cima, para baixo, para a esquerda, para a direita, para a frente e para trás. Isso significa que elas se atraem mutuamente com a mesma força." (FOGAÇA).

A política externa dinamizou-se para além das negociações de fronteiras e gestão de recursos naturais (fontes de energia e alimentação) para um jogo politizado, com viés de relacionamento democrático e igualitário, tendo midiatizada a política externa. Trata-se de uma caminhada sutil pela tensão superficial da realidade e fundamentos da sociedade. Desta feita, faz-se primordial refletir sobre o Estado e sua filosofia de relacionamento internacional.

A ordem mundial e a famigerada disputa de ideologia de Estados dominantes. As relações internacionais, para a constituição e manutenção de uma ordem mundial passam pelo diálogo e debate de anseios e posições de cada Estado dominante. Considerando aqui Estado Dominante, a nação detentora de poder de interferência no mercado mundial seja por controle de recursos naturais, materiais, bélicos ou humanos. Os exemplos perpassam as cadeiras da Organização das Nações Unidas (ONU) e hasteiam bandeiras pelo globo.

Importante considerar então, o modo como os sistemas alternam entre o idealismo, estabilidade hegemônica e o realismo. Sob o viés da teoria da estabilidade hegemônica, a estabilidade buscada em escala global está atrelada mediante os regimes e decisões arbitrárias. Uma potência ou Estado dominante assume uma posição de liderança mundial e determina as práticas e diretrizes aceitáveis para o relacionamento internacional. Entretanto, quanto maior o regime hegemônico, mais complexo os mecanismos de controle e garantia de cumprimento dos interesses soberanos. Desta feita, a potência, para obter estabilidade social, deve estar sempre no poder global, sendo reconhecida, por consenso (O consenso vem da divergência e processo de diálogo.) ou submissão, como regente da organização mundial, determinando limites e liberdades. O Estado então é concebido a partir do respectivo potencial de monopolizar a nação e o mercado de forma coercitiva. Para se manter, o Estado deve entender e formar blocos de aliança onde o poder é controlado, para assim não ser destituído por outro Estado dominante.

Evoluindo neste cenário, a teoria realista coloca o Estado como o epicentro das decisões. Neste contexto, partindo da concepção de que as relações internacionais são, por natureza, conflituosas, o Estado cerceia o conceito e prática de democracia no ambiente interno das respectivas nações, bem como o deturpa no cenário mundial. Instaura-se assim, a guerra como instrumento de se estabelecer a paz. Trata-se de uma medida dos Estados para maxização de poder e soberania ideológica. Assim, o processo conflituoso de sobreposição de poderes propicia o caos social. Princípios éticos no pensamento realista perdem espaço para a instintiva busca por sobrevivência (seja física ou ideológica), logo, conflitos são estabelecidos e atrocidades tidas como processo necessário. Trata-se de viver o mundo que se encontra e não o que se deseja.

Contudo, o idealismo propõe uma sociedade igualitária em poder de voz, onde a estabilidade seria construída pelo diálogo e não pelo confronto e agressões. O bem coletivo é o norte das decisões de forma a construir a ideia de uma moralidade internacional de cooperação. Nesse sentido, são defendidas as liberdades individuais e o Estado não tem poder arbitrário para agredir valores sociais e cometer abusos de poder. Os conceitos e relações sólidas de uma sociedade padronizada sofreram as interferências dos novos tempos, e sua operacionalização sucumbiu a uma perspectiva alternativa.

O “derretimento dos sólidos”, traço permanente da modernidade, adquiriu, portanto, um novo sentido, e, mais que tudo, foi redirecionado a um novo alvo, e um dos principais efeitos desse redirecionamento foi a dissolução das forças que poderiam ter mantido a questão da ordem e do sistema na agenda política. Os sólidos que estão para ser lançados no cadinho e os que estão derretendo neste momento, o momento da modernidade fluida, são os elos que entrelaçam as escolhas individuais em projetos e ações coletivas – os padrões de comunicação e coordenação entre as políticas de vida conduzidas individualmente, de um lado, e as ações políticas de coletividades humanas, de outro (BAUMAN, 2001, p. 12).

A descentralização dos polos com o fim da Guerra Fria instituiu no cenário mundial uma horda de nações emergentes e mercados instáveis em termos de produção, consumo e sustentabilidade.  A gestão de território tornou-se ainda mais complexa sem as bandeiras ideológicas regendo as relações internacionais. As grandes promessas econômicas (países emergentes) configuraram uma alternativa ao mundo organizado segundo os padrões do Estado Dominante Americano (EUA). Destaque especial para a China, que se tornou o principal parceiro comercial bilateral (maior importador desde 2009), como afirmou Jim O’Neill (Chefe de gerência acionária do grupo financeiro Goldman Sachs – que cunhou o termo BRICS - acrônimo referente Brasil, Rússia, Índia e China). Os BRICS detêm mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem no planeta.

Durante os últimos vinte anos, a política externa virou um dos principais campos de batalha entre PT e PSDB, os dois polos que se elegeram pelo voto popular para a presidência da República. Poucas políticas públicas foram tão polarizadas e controversas. De um lado, os petistas enxergaram no governo Lula a diplomacia mais arrojada. Com sua política externa ativista, Lula teria elevado a posição do Brasil à de grande potência emergente. Segundo essa visão, FHC representaria o exato oposto: a capitulação de uma elite entreguista à hegemonia dos Estados Unidos. A cena que esse grupo gosta de reprisar é a do último chanceler tucano, Celso Lafer, tirando os sapatos para uma revista de segurança em aeroportos norte-americanos. Do outro lado do ringue, encontram-se os tucanos, para os quais o presidente-sociólogo teria normalizado as relações com o mundo, tirando o Brasil do isolamento acumulado nos anos de ditadura militar e de atraso econômico. Para eles, a diplomacia petista seria uma função da vaidade prepotente de Lula e sua equipe. Em ninho tucano, a cena em reprise é a de Lula em Teerã, punho no ar, desafiando as grandes potências num abraço com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. (FELLOW e SPEKTOR. 2016 P.18)

Neste novo cenário, nações formam missões (de iniciativa privada e poder público) para defender interesses de setores e vetores de desenvolvimento na busca por mercado e integração. As recorrentes missões do Governo Brasileiro em visita a países Asiáticos (Ex: Japão) reforçam esta observação.  Acordos de Cooperação e Protocolo de Intenções tornaram-se corriqueiro instrumento de formalização da política externa. No Brasil, assim se busca investimento estrangeiros e apoio político e tático nas relações comerciais (na medida em que decisão da AGU em 2010 sobre a LEI No 5.709, DE 7 DE OUTUBRO DE 1971, restringe a ocupação do capital estrangeiro no território tupiniquim na intenção de resguardar a soberania nacional; cerceando assim o investimento do capital estrangeiro).
O sistema político mundial está sofrendo os efeitos da perda de credibilidade e confiabilidade da opinião pública referente aos políticos. Assim, percebe-se uma horda de personagens da iniciativa privada, que até então atuavam no meio político como articuladores e financiadores, assumindo papéis políticos, para realizar gestão pública. Cidades, Estados e Países (EUA), elegem e creditam mudança a ícones da inciativa privada. Dentre os vários riscos envolvidos, está o de gerar conflitos de grandes proporções, em função de um choque de linguagens. Se a iniciativa privada, que conduz seu plano de negócios com base em decisões, estratégias e práticas Técnicas, tentar conduzir assuntos de natureza Política de forma técnica, irá potencializar tensões, não compreender as nuances da gestão política do território, e atrofiar relações necessárias para a manutenção da sociedade.

A Era Trump instaura no mundo, um cenário de instabilidade das projeções políticas e da democracia, amplificando riscos de conflitos internacionais e vulnerabilidade dos diversos mercados. Suas estratégias para alavancar a economia daquele país, com geração de emprego e fortalecimento econômico são controversas. Todavia, levantamentos da Economist Intelligence Unit - EIU sugere que na América Latina o Brasil será um dos menos afetados e corre menos riscos com as medidas norte-americanas de política internacional nesta nova era, fundamentada em um protecionismo de interferência no comércio internacional.

A política externa brasileira tem evoluído no sentido de flexibilizar parcerias de modo a potencializar setores econômicos nacionais no mercado mundial. O País buscou além de acordos de livre comércio, recuperar voz efetiva nas discussões globais sobre o clima, sobre os direitos humanos, liderança regional e a democracia. Todavia, as articulações fora do cenário econômico pouco avançam. Não há no país, resultados de uma integração internacional em respectivas políticas públicas no que concerne a melhoria de qualidade de vida da população, modelo de gestão política e organização social.

O Brasil vive um momento de emergência nacional. Em três anos, acumularam-se a crise política inaugurada com os protestos populares (2013), o início de uma longa recessão econômica (2014), a expansão da operação Lava Jato (2015), a queda de Dilma Rousseff e a implosão eleitoral do PT (2016). Depois do ciclo virtuoso de mais de uma década, a trajetória do Brasil é negativa. O pano de fundo dessa transformação para pior foi uma economia global de baixo crescimento, o aumento de nossa dependência econômica em relação à China e a onda global de neopopulismo, que venceu o voto pela saída da União Europeia no Reino Unido e levou Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Esse é o contexto no qual se impõe a necessidade de modernizar a doutrina brasileira de política externa. (FELLOW e SPEKTOR. 2016 P.18)

O Nacionalismo econômico defendido tanto no Brasil, quanto no modelo defendido por Trump desconsidera nuances de uma estabilidade social e democrática. Neste sentido é fundamental reestruturar as leituras e objetivos do cenário interno para melhor definir as diretrizes de relações internacionais. A inserção do país em discussões, com poder de interferência, em questões globais, passa por um fortalecimento dos objetivos que a nação tem além-fronteiras.

A construção de uma nova doutrina de política externa demandará algum tipo de consenso suprapartidário. Não é uma tarefa que possa ser descolada do processo político interno, nem uma empreitada viável no curto prazo. Ao contrário, trata-se de um esforço que demandará alguns anos de maturação, com ideias e conceitos que, um dia, possam compor um arcabouço doutrinário mais ou menos coerente. A ideia de uma doutrina de política externa é recorrente na história brasileira.  (FELLOW e SPEKTOR. 2016 P.22)

A política internacional de forma integrada prevê a valorização das nações emergentes, encerrando a velha dicotomia de mercado, sem isolar e criminalizar os Estados Dominantes tradicionais. É importante que as nações possam ser distinguidas individualmente e também em grupo. Não como um instrumento de manobra política em prol dos interesses de um eixo, mas como um player relevante, que transita com habilidade entre as especificidades da nação em si, e em grupo. Padrões de crescimento bem-sucedidos devem ser adotados e estimulados. O amadurecimento necessário para se posicionar no novo modo de fazer política que o caos presente evoca, apenas será alcançado se as legendas e fronteiras forem extrapoladas e expandidas. As nações, em espacial o Brasil, precisa conhecer e equilibrar seus potenciais internos e externos para ocupar um lugar de relevância na transição do uni para o multipolarismo das relações internacionais.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bauman, Zygmunt. Modernidade Líquida. Ed. Zahar, 2001

Bauman, Zygmunt. Arte da vida. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

FELLOW, Senior. SPEKTOR, Matias. Coordenação: 10 Desafios da Política Externa Brasileira. 2016. CEBRI. Fundação Konrad Adenauer

FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Tensão Superficial da Água"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 18 de maio de 2017.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

eis



Eis que não sabias a profundidade do verso. Manipulava sentimentos calada. Tampouco percebias o envolver da rima. O tempo atravessava nós enquanto atravessado era. Rimas, essas quinas afiadas, esses desfiladeiros que não revelam o porvir, mas nos faz cativados pela nova sensação. A liberdade balbuciada na madrugada em um olhar, a lua.

A transformação acontece quando se renova paradigmas. Ela se instala quando há consenso. O consenso vem da divergência e processo de diálogo. A aceitação sem consenso é submissão. Submissão é diferente de se submeter, aqui, a submissão é uma aceitação imposta e não construída. As relações sociais, seja institucionalizadas ou não, precisam conceber além da mudança de leitura de cenário (público - privado - compartilhado - emissor de discursos - uso e ocupação do espaço) o processo de reorganização social a partir da entropia, da divergência em ampla concepção, onde a sociedade participa e o Estado se reformula não segundo objetivos de grupos dominantes, mas essencialmente sob o viés do consenso (obtido de forma complexa, dinâmica e nunca permanente). A sociedade é volúvel, e tudo o que a constitui assim se faz na contemporaneidade (talvez em função do efeito do emponderamento social junto ao fácil acesso a plataformas de comunicação e mecanismos de poder), assim não há Lei e Estado soberano de configuração permanente.

O modelamento político não é sólido, tampouco o contrato social e o pacto social. Se tudo que é sólido se desfaz no ar, como disse uma vez Marx; tudo o que está no ar será em algum momento absorvido por nossas narinas, interiorizado e posteriormente externalizado em algum paradigma social... assim nem a liquidez de Bauman permanecerá por muito tempo, uma vez que estamos em uma era transitiva. O porvir descortinará o que há além dos clichês sociológicos e antropológicos. Ele nos apresentará a vanguarda que ainda não versamos sobre.

Há uma iminente necessidade de se compreender a ruptura do pacto e do contrato social. Fato que evoca uma revisão dos mesmos, pois isso gera oscilação do equilíbrio social, revisão de valores e definição de novos padrões sociais (morais e etc).

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