Época do Aniversário da morte de C. Jung. Renovam-se discussões,
argumentos e conflitos sobre arranjos da psiquê; a desafiadora cartografia
mental. Todos têm a facilidade de tentar interpretar e inferir no mapa à sua
frente, mas fracassam na observância e manejo do próprio mapa. Há quem
mistifique as relações entre realidade, percepção e ação/manifestação, há quem
tente tornar raso e não razoável o entendimento sobre as nuances da identidade
humana. O tormento da Fé, quando a razão não cabe no momento, dominado pela
rima, conduzido pelo que se sente. A razão que não cabe no movimento.
Assustador, o contemporâneo seduz com agilidade e
superficialidade a nossa aptidão por preguiça em perceber e conceber as diversas
relações e respectivos desdobramentos da realidade. Uma realidade que se
apresenta em hiperlinks, em rede. A rede nos aprisiona ao revelar nossos
limites de transitoriedade e assimilação do todo a partir das partes e suas
conexões com a rede (realidade). Lemos apenas o rótulo dos produtos socioculturais, diante do esforço em coexistir e compreender, nos entregamos a automatismos que alimentam os fluxos sociais.
Neste ínterim, a busca por consolidação de pilares como referência de
interpretação da realidade e do que se passa em termos de significado e
significante na mente do indivíduo é algo que atravanca a reflexão, uma vez que
as pessoas se atêm às fontes e não ao conteúdo. Estacionam a argumentação e os
conflitos em determinar as fontes oficiais (Carl ou Sigmund? Dentre outros embates), os argumentos da verdade, e assim
gastam energia em aspectos periféricos, enquanto o epicentro da identidade
humana e reverberações subsequentes não recebem a mesma atenção.
Assim, acredito ser interessante ir além do eco à beira do abismo e da imagem no espelho. As interfaces de nossa identidade devem ser vivenciadas e questionadas considerando os parâmetros do tempo, da significação coletiva, da absorção individual, da constituição do sistema de relevância de cada um e suas diversas interações no sistema social. "Navegar é preciso. Viver não é preciso [...] Viver não é necessário; o que é necessário é criar.", Fernando Pessoa.
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