segunda-feira, 24 de agosto de 2015

caminhar na névoa


No processo de criação de narrativas, precisamos ter cuidado para não nos perder entre a ânsia de repetir discursos implementando impressões pessoais e a necessidade de alcançar a vanguarda, cativar um público que o reconheça como narrador.

Histórias (inventadas ou não) estão postas no cotidiano. Entretanto, é preciso conhecer os aspectos que envolvem a narrativa; além do famigerado contexto, as características de cada indivíduo em ouvir, contar e registar histórias passam pelo prisma da percepção, compreensão e respeito.

Relacionamo-nos não com as pessoas (em si), mas com as representações que elas fazem de si e as representações que a sociedade reflete sobre elas (pessoas). Contudo, há um encantamento que proporciona intensidade à relação, gerando desdobramentos que vão além das representações; esvaem-se em outras narrativas.

Conviver com o humano; viver; é caminhar na névoa. Adoro caminhar na névoa. A distância impossibilita prever acontecimentos, apenas conseguimos vislumbrar nuances do porvir. Enquanto se adentra à névoa, naquele espaço perto de você ela quase que se desfaz ao te envolver. Você se torna névoa para os outros, você se torna  mais um no meio dela.

A multiplicidade tão temida pelos conservadores, e por quem tem dificuldade em lidar com o que é diferente (não necessariamente novo) é o diferencial para sobrevivência e sucesso de mercados, organizações e da sociedade. Conceber que o ambiente é multifacetado e composto pela diversidade é fundamental para construir narrativas acessíveis, transparentes e efetivas no objetivo da mensagem elaborada.

Neste sentido, caminhar na névoa é um necessário exercício constante, que perpassa o processo de autoconhecimento, percepção do outro, compreensão do ambiente e concepção de mensagens.


 

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