sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Farelos

O calendário dita o ritmo dos acontecimentos que se renovam. Chuva forte, enchentes. Mas onde está a mídia convencional com serviço público? Informando pontos críticos, alertando a população, relatando os dramas e as ações do poder público? Nas últimas ocorrências no Vale do Aço, perfis públicos de redes sociais digitais mostraram o poder da ferramenta. Com imagem e informações quase que imediatas, as postagens além de informar incitavam ao diálogo das partes interessadas. Impressionante. Orientando até sobre doações para desabrigados. A mídia tradicional, atenta à dinâmica de fazer comunicação, logo entrou na chuva e se molhou. Interagiu nas redes sociais com os leitores para registrar o ocorrido e debater opções de locomoção. Interagir com os produtores de conteúdo, compartilhar e canalizar audiência em uma dinâmica de informar e formar. É preciso estar atentos, em um cenário em que o uso intenso dos smartphones é para disseminar e produzir conteúdo.


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As características semelhantes nos tornam invisíveis. As peculiaridades dos sorrisos nos provoca reticências. Fechar os olhos também funciona. O processo de identificação e satisfação alterna como a agenda dos noticiários. O enredo é o mesmo,  agimos da mesma forma, a mesma metalinguagem, a crítica, as análises, os artigos, as orações; mudam-se nomes e o tempo. Repetimos, nos orgulhamos e achamos necessária esta repetição.
 

Receite aí: momentos de carinho, filmes, caminhadas, corridas, sorrisos, cheiros e sabores. Movidos a prescrição, insistimos no leito da civilização infeliz. Conhecemos os artifícios para sermos felizes. Ditados, jargões e ponta de faca. Haja punhos. Nossa essência é revelada pelos farelos que dispersamos no ambiente.

O verso que mais decorou foi o que, incapaz de escrever, esqueceu. Não é mais e nunca foi. A sede de paisagens dobra no deserto urbano erguido entre nós. Nas entranhas sua uma textura que inquieta. Lábios ásperos; O inevitável porvir. As palavras surgem como agulhas nos sentimentos, pensamentos e olhos. A sinfonia avassaladora do egoísmo massacra qualquer flor. Nos poemas, um respiro, um esboço. Nas mãos a certeza da tentativa... Deixe que minha mão errante entre e sorrateiramente repouse sobre o alvo ombro. Torre de marfim, ei de escalar, entrelaçado aos seus cabelos, enquanto calo seu silêncio com meus lábios; reluz o menu constituído com onomatopeias. Eu sou um lápis de ponta quebrada no curso da frase.

Eu passo

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pontuação

 

Quanto mais meios, mais fins. Argumentos, desabafos e narrativas do porvir. A vanguarda é o insistente "nunca será" que ecoa entre nós.

Assimilação é o diferencial de mercado. Todos produzem todos consomem. Quantos assimilam? Narrativas pulsam onde quer que o cidadão se volte. Eu não voltei a escrever, pois não consigo respirar. Nunca parei de inspirar e pirar expiração enquanto não conseguem ler. Todos enxergam as frases, sem perceber o que o texto é. Gentileza é poesia, muito mais que verso. E a fé, a fortaleza que nos faz perceber o brilho e o sabor da vida que nos rodeia, que nos entrega e integra. Cansado, com uma paz que não cabe, com os dias que a guiar não veio. Ah, guiar não veio. 

A ruptura de tudo aquilo que se esconde corrói nossa alma de forma a contaminar a paisagem com nosso olhar. Inalterado, o ambiente é sutilmente acrescido de sentidos que passam desapercebido. Reféns; de nossos semelhantes, de nossas escolhas e pensamentos. Ninguém há de libertar ninguém. A hipocrisia impera até mesmo na face daqueles altruístas afogados em compaixão. Bandeiraram o Cristo ao invés de vivê-lo. Fazem com uma mão e divulgam com todo o corpo. Rompeu o solo a raiz que me sangra. As palavras saem nuas, sem sentido algum alfaiatado. Com suas formas espontâneas e inocentes, suas arestas e seu suor. Já não caibo mais nos clichês que tanto me alimentaram. Narrativas me encantam pela manhã e me conduzem para cama a noite. Quando a amargura entorpece ao coração, cabe à língua dar ou não vazão. E quando o refrigério vem, como um momento de gravidade, você hesita em sobrepor mãos; pois os lábios ressecam, tosse, a pupila dilata naquele quarto escuro; e a tela que brilha fustiga o tempo lá fora. A liberdade que expande e que nos aprisiona, tudo é tão simples e intenso.

A dimensão do não ser. Tudo está nas nuvens, mas quando chove não encontro mais a gota que eu evaporei. Doce tempo, amarga minhas lembranças de um futuro tão terno. Não há esboço para você e pra mim. Simples assim. Qual é o nosso traço? O que podemos assimilar?

 O animal que sou nesse zoológico de trocadilhos. O termo que sou no texto que não escrevo. O tropeço e a pedra no clichê do poeta, no traço no muro, na rima no silêncio.

Tenho sede de paisagens. Tenho sede das suas paisagens, completou o menino que permanece calado.

E o quanto se assimila pode ser o que distancia a mensagem do meio; o significado do indivíduo.

A vírgula me para, o tempo me volta...

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sábado, 9 de novembro de 2013

Fatos e Perspectivas

O movimento das plantas no jardim relaxava seus passos. Já não mais se incomodava com a imagem no espelho. Porque você desconhecia o próximo verso, a pisada no pé foi inevitável. Você sem a poesia, eu sem compasso. A medida da vida não está em métrica alguma conhecida, menos ainda dominada. O frescor do vento ao correr, caminhar. O frescor de lavar o rosto em límpida água.

Os meios de comunicação vieram para facilitar e intensificar o relacionamento, as narrativas, a emissão e percepção de mensagens. Eles facilitaram; o acesso ultrapassa a porta de banheiros; eles confundiram; a percepção oscila da latrina recheada à límpida água ao rosto em cachoeira pela manhã.

Diante dos fatos, é importante saber como se relacionar com a existência de múltiplas perspectivas e o respectivo poder de relevância para o público. Seja pela facilidade estética ou pela complexidade reverberante. Os mecanismos de comunicação disponíveis escravizam-nos à ansiedade de consumir e produzir conteúdo. A inteligência artificial, criada para ser o piloto automático do ser social, aos poucos nos domina, domestica e castra.

Em madrugada de narrativas, amanheci com janelas abertas. A nitidez da felicidade em seus olhos. O brilho que há em você possibilita um sabor especial em meu sorriso. Caminho então entre as narrativas que nunca foram, as possíveis que nunca serão, e a que escolho traçar para que esteja gravada naquilo que sou. Só será óbvio se tiver visto pela mesma perspectiva. Meu argumento.

Palito os dentes com a especulação; passo...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Garimpar [narrativas e relações]


O que te globaliza te identifica? Sem a interrogação ou com uma resposta completa? Que cenário você integra diante da desconstrução do indivíduo dentro da fôrma do ser social? Sua fé, seu modo de interpretar os fatos, a maneira como você opera o egoísmo, o sistema de relevância e a metáfora do copo d'água. Beba! A multiplicidade é o paradoxo contemporâneo. A vanguarda é ser simples. Ponto de Vista?

As narrativas midiáticas e as relações sociais construídas deleitaram-se do conforto e das potencialidades da multiplicidade. Entretanto, todos tornaram-se vítimas daquilo que as alimenta (euforia, inquietação, diversidade e imediatismo). Depressão, estresse, violência e choro. Linguagem atrofiada nas narrativas, clichês ineficazes nas relações interpessoais. Não se trata de uma gueda de braço, mas mãos dadas.

Acostumamos ao ritmo da vida em resumos. Resumo de livros, de filmes, de amizades, de coito, de notícias, da conversa à mesa, de análises, de sonhos e transformação. O dar conta é o novo mito, acima da objetividade. Dar conta de tudo talvez seja compreender e exalar que somos ineficientes para "dar conta" de tudo.

A segmentação de narrativas e o envolvimento do público com especificidades é uma alternativa dentre tantas. Tantas? Não apenas as plataformas de negócio mudaram. O processo de construção da identidade do indivíduo ganhou outros elementos constituintes, com a modernização do ser social. Desse modo, "conhecer" tornou-se ouro sob nossos pés. Como garimpar? Como acessar? Como conhecer? E fazer o quê depois? Perguntar impulsiona, perguntar é fácil. Desafio é viver as respostas, conclusivas ou não.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Narrativas de unhas sujas


Unhas sujas de quê? Do jornal virado ai lado, das palavras ditas como expiro involuntário? De esperança? Talvez, por narrativas que não tropecem na métrica, nem que seja refém dos mesmos esquadros. Que não abuse do jeito banksy de narrar e não consolide-se como o modo Cid de perpetuar. Seja worlf, seja basquiat. Seja o menino queimado na esquina cantando "eu sou terrível" enquanto bate em uma vazia lata de tinta. Seja sem referência, a reverência.  O grão de realidade que estaciona em nossos olhos já está muito além do que cabe nas páginas de jornais e internet (isso já percebemos); bem como ultrapassa o que pode produzir de narrativa cada indivíduo (isso ainda ignoramos).

Precisamos estar atentos a isso. A capacidade dos meios é limitada e ultrapassada, a capacidade de absorção nos empurra para o stress  ou segmentação. A capacidade de produzir narrativas, diante do fenômeno "tudo ao mesmo tempo agora" torna-se imensurável, porém natimorta.

 Se estagnada e atrofiada está a forma de fazer, registrar e absorver, o que há para se ter?

 Que do café da manhã sem café, até onde for o passo ou a imaginação; que pulse, mesmo no silêncio. A fé é algo vivo, nem doutrina, nem linha, nem desenho ou rascunho.
  


Na ponta das unhas

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

No ar

Um motorista da Folha registra o fato (policial agredindo manifestante) enquanto espera repórter. Cada vez mais evidente, o processo de registro e divulgação está nas mãos de todos. O comportamento na rede mundial, o consumo de vídeos, e as narrativas eletrônicas interferem decisivamente no que vai para os veículos formais, e até mesmo para as bancas. A grande massa de produtores de conteúdo quer não mais voz, mas ouvidos. São torcedores de distintos gritos no meio da multidão. Pensar e agir. Estar atento às janelas.

Uma pomba estraçalhou a vidraça com a cabeça. Transparência em demasia pode ser perigoso. O que fazer com tanta preposição sobre os lençóis? O humano saiu para ser noticiário, ser tinta na tela e nota na canção.  Escorro meu ódio enxurrada no ribeirão das suas ideias, cansadas. Te segurei com ódio e ternura, palavra. Verdade, seu nome pende em meus lábios. A ponta da língua como arma a desbravar a hipocrisia e incendiar a realidade com sonho, com verdade.

Desanuvia, lilás seda orgânica. Rego-te até saciar e esbanjar as gotas excedentes como lágrimas de um amante incompreendido pelo egoísmo que ruge ao derredor. O que parecia tão dentro se mostra tão Camus, oh estrangeiro. E tais lagrimas se cristalizam, como remelas tornam-se a trave nos olhos, o vitral de um sentimento que foi fustigado pelos cacos.

Míopes perdem-se quando o amor é um buraco no asfalto. Surge do descuido a longo prazo, toca-nos quando desavisados tentamos passar por ele.  Seco golpe aprisiona as escolhas na garganta. Bateu na janela o desespero, nem as grades seguraram o olhar. A libertação na paisagem que no fundo dos olhos encanta, sustenta e caminha junto. A pomba não mais respira, mas ainda há ar.

 Intermitências do clichê. 


domingo, 11 de agosto de 2013

Exílio restrito.,

Meu restrito meu. Sem ponto, nem vela. Vírgula ou verbete que simplifique. Meu restrito meu. O ritmo da sua leitura é o tropeço do entendimento. Meus poros não desejam sufocar os seus. Códigos quebrados, lacradas lágrimas sagradas. A língua destravada sobrepõe discursos e anseios. A sanidade pulsa enquanto os pensamentos não se organizam em palavras. Respiração é música, enquanto seu gosto passa a fazer parte de mim. 

Você olha pelas frestas em busca do todo. Ali não cabe nem a ponta. 
Na esquina surge sua rima perfeita, mas você não tem o vocábulo; 
à língua, escorre a sensação. Fecha os olhos para alcançar. 

é esse êxtase que não traduz, que não combina com entendimento; 
extrapola minhas marcas; as curvas são ranhuras de uma história sem parâmetros.

exaustivos versos cotidianos, narrativas que perpetuam o clássico compasso midiatico;
sublimes respiros além,
me cubro, procuro 

Prefiro as citações sem aspas e as pessoas de caráter. Infelizmente, prevalece muitas vezes a casa de vidros, espelhos trincados de personalidades. Que papel indigesto o uniforme impõe, os algozes anseiam e a sociedade julga. Sépia sensação, esperança que ainda suspira. 

Não há páginas que suportem, não há plataforma melhor do que o corpo, a alma, o diálogo com Deus.

Meu restrito meu, a compreensão é personagem inexistente. O sentimento vive e a possibilidade única é ser feliz, onde as portas se abrem com meu, restrito meu.Fiat lux. 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

úmida unidade

A unidade em um mundo da diversidade. A unidade em tempos de um individualismo de arestas, que fere, não encaixa, que rompe, não integra. "Que desafio mais ordinário em um mundo extraodinário Raskol".

As narrativas estabelecidas pelos meios de comunicação alimentam nossa necessidade de se inteirar e ater ao que acontece no entorno, com o outro, e assim se condoer ou se indignar, mas nada fazer. Resumem as movimentações políticas e conomicas. Mural para os espertos visualizarem potencialidades de lucro e sucesso; lugar onde os incautos se perdem em cansativos discursos.A sobreposição de plataformas de informação e os diversos veículos de comunicação existentes provocam uma rave alucinante entre o processo de estabelecer e ser agenda setting.

A convergência ou conflito entre as versões dos fatos é imediata. Começa nas redes sociais digitais, amadurece no F5 dos veículos de comunicação, estabiliza nos noticiários noturnos da TV e estaciona no impresso da manhã seguinte; isso quando o circuito é fechado. Às vezes o assunto, quando parece estacionar, novamente entra no turbilhão.

A sinalização nas ruas é tão indicativa. Onde podemos estacionar, a mão e a contramão, os pontos turísticos, as revoltas, passagens, políticas, drogas, relacionamentos, liberdades e liberdades, respeito em placas, muros e corpos. Apesar de todos, me pergunto o que há de ser amanhã. Seja côncavo ou convexo, é preciso estar atento ao foco, à distância focal das ideologias.

Entre umas e outras; a fé exercida como advento midiático. Audiência pelos meios errados. Reações em cadeia que deturpam a mensagem. A caridade exercida por nós perpassa nossas fragilidades, nossos mais íntimos desejos; aqueles resignados ao espaço em si, onde não há palavras.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Memes jornalisticos



Na falta de aprofundamento e diferenciação na apuração, repetir o que o outro já apurou e dar um estardalhaço diferente é melhor. A brindaceira gera "memes" que soterram o público com mais do mesmo. Na falta de uma argumentação sóbria, ser irritado e irritante gera caracteres aprazíveis ao consumo. Enquanto as escolhas forem regidas pelo umbigo, não há como falar de futuro; menos ainda no presente desembrulhado que embrulha o estômago do trocadilho fraco.






Filipenses 1:3-4
Filipenses 1: 9-10

quarta-feira, 17 de julho de 2013

embrenho

Tomei fôlego e mergulhei. Nao me dei conta da temperatura, tampouco soube interpretar a textura. Sem saber, estava impregnado do que sempre busquei; vivendo uma especial historia. Olhos intermitentes, lágrimas bipolares e uma divina paz como a lembrança de que ha Deus e se relaciona conosco. Hipócrita, permaneço com o dorso a descoberto. Sustento o reflexo do espelho, refrato a minhalma por onde passo. Escorro em sorrisos sinceros


Chego a molhar a sola dos pés. Consigo estar na caneca, no corte, na essência no ar. Eu não sabia o quanto iria queimar. E o mergulho tem gosto de cor. A que entranha, extrapola definição. O mergulho muda a percepção social, restabelece a natural.percorro cada gota deste ser oceano. Envolvo-me. O palco é o argumento do aplauso; o espetáculo acontece nos bastidores. O fôlego tomado já não importa, vale mais sua renovação.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

asfalto e aeroplano




Abro a janela e percebo uma sociedade que já não quer o peso de grandiosos efeitos visuais, mas anseiam pela leveza, traços finos seja em projetos gráficos, paisagísticos, audiovisuais, ou design. Cansados estão de bula, mas reféns dos efeitos colaterais amplificados, insistem em aumentar cada vez mais a dose. Concessionárias. Veículos a combustão, veículos de comunicação. O turbilhão de opiniões e a frenética busca por estabelecer uma versão predominante, apelidada de verdade. Furada como um bom queijo com café.

Massageie. Ecoa nos quartos à noite, enquanto o travesseiro ainda é frio, o ar suavemente entra e sai. Inspire. Cravado nos olhos de quem persiste em brilhar uma crença, de que as palavras devem refletir a realidade de sonhos materializados e não apenas o abstrato. A fé que não está cunhada e carregada nos bolsos sustenta aqueles que se entregam à possibilidade de ser uma boa pessoa. Desafiador x possível.

Todo mundo é rei e vassalo de si. A história que me é contatada em preto e branco, quando fora realidade tinha mais cor e intensidade do que palavras de gracejo. Mas as lembranças envelhecidas estão incrustadas no DNA de cada um. O colar da culpa muda de pingente mas ornamenta os pescoços, marca os corpos.

Massageie. A dor passa quando o travesseiro esquenta, a tranquilidade pode ser percebida. Aeroplano. Estática folha branca deixada na gaveta por anos. O tempo coloriu o papel de abandono. O tom sépia não trazia nostalgia, apenas demonstrava o desperdício de um espaço outrora branco. Duas linhas. A inspiração de quem começou a escrever algo na folha tinha fôlego para apenas duas linhas. Não se sabia se o abandono era por causa do conteúdo das linhas, ou de sua motivação. Mas a pesada gaveta de madeira, praticamente emperrada, talvez fosse o alento ao esquecimento.

Aprendeu a andar quando tinha 11 meses. Desejou voar de modo mais intenso quando completou nove anos. Abandonou as bolas de papel, os barcos de papel, dedicou-se a elaborar aviões. Os rápidos, os planadores, os de longa distância, os de impacto, os que não voam. A falta o fez abrir gavetas. Em busca de papel, abriu o que via à frente. Uma gaveta não quis ceder. Insistente, pegou a folha sépia e se preparou para executar o mais eficiente aerodinâmico, pois o último sempre era o melhor. Mão, papel, Mão. A mão do pai ganha. Observava com ternura o filho em seu empreendimento quando, com teias e rusgas, lembrou das duas linhas e daquela folha de papel. Antes de deixar o filho continuar, releu aquele traço encardido, beijou o infante e soltou a folha.

“Eu não saberia nunca como ajeitar a minha alma a levar o meu corpo a possuir o seu” Fernando Pessoa. Em queda moral, muitos misturam o voo de Ícaro com a dança de Fausto e fica parado em uma encruzilhada entre querer ou não ser Jonh Malkovich. O discurso midiático assemelha-se ao râmster que corre incessantemente sobre o círculo na gaiola.

Rastejou até o alarme e o desativou.

Leminski-se às vezes,


O abrir a janela que trava com cimento

o trilho de tétano e as ácidas asas da borboleta

desanuviam-se no verso

porque o olho tem que piscar

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Jornalismo Vaselina


A leitura diária de determinados jornais regionais, estaduais e nacionais nos instiga a refletir sobre a composição das pautas e textos (entre investigação / barrigadas / posicionamento oficial / brechas das fontes). A agenda setting e seus efeitos continua a fascinar, iluminar um canto da sala, mas não toda a casa.


Repórteres precisam ler mais sobre os assuntos que se propõem a apurar sem pensar que tudo pode ser resumido a um traço simples. Às vezes, o traço revela uma trama complexa, que exige mais do que um partidarismo, ou lirismo moral, mas uma fotografia e análise ampla. O paradoxo tempo X qualidade não deve ser fator limitador, mas motivador de alta performance. o profissional deve dar a devida atenção no processo de construção da narrativa.



Sentado ao balcão, ao contar os contos para pagar as contas, outro tema reluz: a viabilidade econômica dos meios de comunicação. Alguns veículos (não apenas regionais, mas também alguns setoriais de grande circulação), afoitos por garantir a viabilidade econômica de suas publicações, apelam para fracos argumentos de proposta midiática; tratando jornalismo como produto de prateleira, fazendo da chantagem empacotada de oportunidade uma ferramenta de negociação. Parecem pessoas que se penteiam diante de espelhos trincados, não percebem quem são e menos ainda os efeitos desta perigosa equação. A ética tem sido descartada em prol das cifras.



Quando há profissionalismo na gestão de mídias, a viabilidade econômica acontece, pois soluções são implementadas e ritmos de rentabilidade ajustados conforme mercado, linguagem e prospecção. O imbróglio antigo entre relações editoriais e comerciais tem se intensificado pela nova configuração do mercado midiático, com o acesso a informação em meios digitais, mídia gratuita. Diários do Interior de Minas Gerais têm buscado soluções viáveis para manter recursos financeiros e garantir isenção editorial. Alguns são exemplo para grandes veículos setoriais com sedes em capitais do país.



Por outro lado, afora os procedimentos formais de investimentos publicitários em Redes Sociais Digitais (post promovidos/pagos), começa a surgir profissionais de mídia e veículos de comunicação que oferecem acesso à audiência (post em perfis de representatividade ou com grande audiência) como espaço publicitário. A participação das empresas ainda é tímida, pois é preciso estudar melhor as oportunidades, os cenários e os resultados; afinal "nem tudo que reluz é ouro".  


Publicado também no Observatório da Imprensa 


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 www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed741_jornalismo_vaselina



Programas dominicais e síndrome dos vídeos do youtube ( a modernização da videocassetada?) ainda falaremos....

quinta-feira, 14 de março de 2013

Leminescata Midiática

Publicado originalmente em http://palpitandoocotidiano.com/2013/03/14/leminescata-midiatica/


janjaap ruijssenaars
O público consome informação com uma nova dinâmica. A plateia mudou. Agora ouve o interlocutor, publica em rede social digital, atualiza-se de outras notícias, ouve podcast e ainda opina junto ao interlocutor. Seja na sala de casa, na rua, em reunião com amigos e até mesmo em palestras, audiências e aulas.

Outro dia no fórum, enquanto deliberavam os rábulas, uma doutora esfregava o dedo na tela, sem perder o fio norteador da audiência. Na sala de casa, televisão, tablet, computador e celular interagem com uma estranha presença no diálogo familiar. Tudo muito natural."Tudo ao mesmo tempo agora".

O mercado publicitário e também o de produção de conteúdo disputa a "clique" os cookies dos usuários. Se antes os ancestrais ensinavam a não se "colocar todos os ovos em um mesmo cesto" hoje percebe-se uma frenética convergência ao digital. Unificação de acessos, senhas fortes com plataformas integradas. Banco, email, rede social, informações de trabalho, de lazer; tudo registrado, controlado, escondido e compartilhado pela plataforma digital. Os riscos e as frestas não impedem o fluxo diante da comodidade, conforto e agilidade dos novos processos. O fascínio e a histéria chicoteiam a estrutura de obter-se capital. Mudar para sustentar é mais uma frase imã de geladeira.

Ações de merchandising têm se aprimorado intensamente como alternativa a anúncios chapados de produtos e serviços. Atualizar o modus operandi é a recorrente pauta diária.

Os paradoxos gerados com conflitos de gerações, desafios para compreender o público e produzir para ele; formar público e profissionais, exigem reflexões e atitudes que ainda não podem ser concatenadas em um manual. Vale uma leitura na edição da Revista Imprensa deste mês. As matérias sobre a formação do jornalista e sobre o relacionamento com as novas mídias estão muito interessantes.

Saiu também no Observatório da Imprensa
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed738_leminescata_midiatica