quinta-feira, 26 de abril de 2012
tipografia orgânica
Acordo e revejo Life in a Day (o longa, projeto de retalhos do you tube); a encenação do espontâneo. O desafio de montar o enredo e a facilidade de obter cenas repetidas e ângulos comuns, pois somos repetitivos e iguais em essência (criativa?). Excesso. A tela passa por vaidade, prazeres, ridicularidades, simplicidade e irreverência. Tudo ao mesmo tempo, por toda a parte. Remendos de felicidade X verdade. Nossas particularidades mostram-se sutilmente especiais. Especiais por serem nossas, únicas em si, e não por serem mais ou menos relevantes na esfera social. Mais do que a essência do detalhe; o lugar que ele ocupa no tempo e espaço.
O filme constrói uma mensagem que comunica a humanidade a partir dos fragmentos. A comunicação espontânea, remontada. As interpretações à flor da pele.
Transpor a imperceptível lâmina d'água da realidade e misturar-se ao outro. a justaposição de Eiseinstein e a liberdade de Bazin. O epicentro da vanguarda em algo que se revela não como novo, mas como alternativa ao fluxo da modernidade. A reflexão sobre o que é o dia, a vida e um no outro.
Essa tua ruminança não é genialidade. É uma coceira do ego, da vontade de dominar. A alternativa então é ser cafona e sumir na massa, para que você me conte nua; me continua na curva da cintura desse nosso devaneio. Quando a palavra silêncio preenche toda a minha boca você surge. Contempla sentada ao meu lado. Ah, a tipografia orgânica desse seu olhar;
Em tempo, observar um grande artista embrenhar-se pelos números em prol de alternativa para sustento e desenvolvimento só anima quando percebo que a desesperança urbana será golpeada pelos olhares do meu amigo artesão da vida, que modelará os números em um cálculo que dobrará o concreto de nossos corações e transformará os espaços em ideias habitáveis. Que Deus mantenha a visão.
Outros filmes se repetem diante dos meus olhos, Diário de um jornalista bêbado e os Amores da casa de tolerância. A realidade em estado cru, a fantasia nua de narrar histórias marcantes. O cinema ainda é alívio, mesmo quando nos sufoca.
Hoje permito-me estar absorto na névoa que se esvai e revela a silhueta do infante sorridente a correr sob os raios de sol da manhã. O que ela [névoa] revela fascina-me todos os dias, todavia, a maneira como ela se dissipa intriga-me. Ela vai sem nada levar. Eu fico nu orvalho, admirando o novo dia do qual faço parte.
eu passo!
passocomunicacao.blogspot.com
terça-feira, 17 de abril de 2012
Valor às marcas
O desejo de ser
referência para a opinião pública está
mais atrelado a uma busca por lucro e controle de mercado do que
prestação de serviço à vida. Diante das
mudanças bruscas das últimas décadas, o poder e
valor das marcas já não pode ser trabalhado como um
anúncio, uma placa, um nome gritado aos quatro cantos do
esférico mundo.
A regionalização
das narrativas, em linguagens e temas tem sido a estratégia
padrão para integrar os consumidores e fidelizar o novo
cidadão digital. O modelo de construção das
marcas ultrapassa os espaços publicitários, e
alastra-se pelo espaço editorial, pelo espaço físico
das cidades e pela manifestação cultural. É
necessário conhecer a natureza do resultado a que se propõe
obter. O valor a ser construído depende dos parâmetros
que constituem a cultura da organização.
Seja a partir das
sucursais (muitas em extinção); seja os grandes meios
de comunicação com uma gestão integrada de
afiliados (Globo com 29 grupos de comunicação e 122
emissoras – sendo 117 afiliadas); seja nas empresas com um
corporativismo velado sob a tutela dos conceitos-produtos:
Responsabilidade social, Qualidade de Vida e Sustentabilidade. Todas
as frentes de comunicação anseiam tocar o público,
controlá-lo, saciar as vontades que os próprios meios
criam. Mas como se posicionar diante dessa massa?
Os gestores, com raiz
no modelo antigo de administração, são
resistentes a assumirem a transparência como virtude. Eles a
consideram um risco, uma ameaça à saúde do
negócio. Dessa forma, cerceiam a liberdade dos profissionais
de comunicação (dentro ou fora das redações)
como um indivíduo pensante. São poucas as empresas e
áreas de comunicação que sustentam uma postura
transparente e sóbria na construção de
discursos, práticas e relacionamentos. A marca (seja de uma
indústria ou de um veículo de comunicação)
deve ir além do símbolo, precisa representar um valor,
um caráter perceptível nas práticas.
A integração
de serviços e a livre escolha são estandartes do mundo
contemporâneo. O indivíduo precisa sentir liberdade para
consumir informação e o acesso deve ser resultado de
uma fórmula cruel, onde a instantaneidade deve estar
disponível em multiplataformas a um custo baixo [ o que muitas
vezes desconsidera o valor de produção e do produto].
TV, jornal, rádio,
tudo na palma da mão. O smartphone dita o ritmo de vida
moderno. O rádio foi então revitalizado pelo twitter,
os jornais pelo facebook e a TV pelos portais de convergência
de conteúdo. A maneira como a Rádio CBN e a Itatiaia
utilizam o twitter para alinhar e expandir a programação,
provocar interatividade e prestação de serviços
tem dado fôlego ao fazer jornalismo. O mesmo acontece com as
fanpages dos jornais. As notícias provocam diálogo
direto com os leitores e aponta caminhos possíveis para
aprofundar nos temas veiculados. Muitos têm aprendido a
trabalhar tendo a interferência do público como
instrumento do processo narrativo.
O turbilhão do
padrão de absorção das novas gerações
é um dos desafios do atual modelo de consolidação
de marcas por meio de ações de comunicação.
A cultura de timeline impera. F5 é o piercing na
língua da juventude. Engajar todos na cadeia de produção
e absorção de conteúdo é algo inevitável.
Engajar o
empregado/consumidor é dar poder a ele. Isso é um
paradoxo da gestão atrofiada que não percebe os
benefícios do equilíbrio entre autonomia e
arbitrariedade. Para que as organizações, midiáticas
ou não, obtenham representatividade perante o público é
preciso trabalhar à sombra da confiança e não
hesitar para mantê-la intacta. A ruptura da confiança
reinicia todo o processo de sedução do outro, trincando
as marcas. Enfim, o processo de comunicação está
cada vez mais vulnerável, pois embora tenha suas premissas
básicas (tal qual leis da física) sua instabilidade
despertou como um vulcão acordado. No desconforto procura-se
por referência. É fundamental refletirmos a respeito de
qual valor há nas marcas que espalhamos ao vento, para não
sermos fustigados pelo que sair do vulcão que criamos.
Publicado também o Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas
Publicado também o Observatório da Imprensa http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed690_o_valor_das_marcas
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