Basta passar os olhos
na seção Ano 1 Nº 1
da Revista Imprensa para perceber o quanto são criados novos
veículos de comunicação; fenômeno
interessante, já que as pessoas falam tanto no colapso dos
impressos e maior utilização dos eletrônicos.
Muitos desses veículos raramente ultrapassa a marca dos cinco
anos de circulação. Porém, existem aqueles que
conseguem amadurecer a linha editorial e se manter de forma saudável
no cruel mercado editorial. São revistas e jornais que se
desdobram para conseguir, sem uma grande editora, o fôlego
financeiro e uma circulação satisfatória.
Em relação
à representatividade das pautas, alguns veículos
especializados acabam por contribuir na construção das
edições da grande mídia; seja pelo assunto,
linguagem ou abordagem dos fatos. Diante da iminente Rio +20, podemos
observar que o mecanismo repetitivo e raso dos grandes veículos
emerge. Os problemas, as limitações e as\soluções
são tratadas apenas durante o calor da conferência
(período próximo, durante e o imediato depois). Nesses
períodos, a população é soterrada de
debates e informações que pouco esclarecem. Todavia, há
um consenso velado que tratar desses assuntos no cotidiano fica
reservado às publicações especializadas de
circulação limitada. Bons exemplos podem sem conferidos
nas discussões levantadas pela Revista Ecológico (MG),
Revista Imprensa e outros títulos.
As pautas de Vida
Simples (revista lançada em 2002, filha da Editora Abril)
infelizmente são tratadas pela grande mídia como
jornalismo de entretenimento, coisa de segmento. Portanto, não
se vê nos diários uma abordagem satisfatória e
não propagandista das ações em prol de um mundo
mais habitável, mais ameno ante tanta desgraça. A
imprensa, em sua maioria, teima em reconstruir casas na areia, em um
exercício só para ver o mar.
A consciência do
novo cidadão é também formada pela mídia.
É preciso equilibrar a peneira para que os fatos de desgraça
não sejam maiores do que as iniciativas de esperança. A
avalanche de informações pode moldar o imaginário
do indivíduo em um processo de formar Orange Clockwork
e seus dissidentes.
O atual modelo de
comunicação de massa tem formado o cidadão
apático e estressado ou apenas tem sido o espelho da
realidade? Protestar vai além de subir em monumentos ou
mostrar os peitos. Trabalhar a consciência é um desafio.
Alterar padrões de comportamento implica estabelecer outros.
De onde virão os parâmetros? Da mídia que se
abstém de tratar no cotidiano temas como meio ambiente e
responsabilidade social?
A cidade orgânica
cresce. A verticalização é proporcional ao
aumento da frota. A estrutura de esgoto, trânsito, fornecimento
de água e energia não consegue acompanhar o referido
crescimento. As pessoas precisam determinar os limites da própria
satisfação e o nível de sociabilidade que é
capaz de suportar. As pessoas não cedem; derrubam argumentos
sustentáveis por práticas imediatas de conforto e
satisfação. Alguém tem que ceder, mas quem?
Todos em algum momento, em determinada intensidade. Enfim, entre a
imprensa falar mais ou falar melhor, nos aproximamos de mais uma
conferência (Rio +20) para debater a falência dos
recursos perante nossa cadeia de consumo e de argumentos. Determinar
políticas com resultados mais efetivos é um desafio;
mas diante desse cenário, qual é a face da opinião
pública? Esta entidade que é a maior interessada nos
efeitos das decisões tomadas pelos chefes de estado e
iniciativa privada. É possível traçar o perfil
social a partir das páginas dos jornais?
Publicado também no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed687_pautas_doces
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