“Para
o Jornalista, tudo o que é provável é verdade”,
H. Balzac
Ninguém parece
se ater às águas enquanto navega, por isso vêm a
pique, pois no meio do caminho há sempre mais do que uma
pedra. É fundamental que os narradores percebam de onde vem o
barulho que determinam suas pautas. Na Bíblia, o efeito “solta
Barrabás” mudou o rumo dos acontecimentos, atualmente,
eventos Trending topics como o “Luiza Canadá” e
“Grávida de Taubaté” mudaram a pauta da mídia
nacional, as discussões sobre comunicação em
massa e criaram um instantâneo clichê do humor.
Sofrimento e
irreverência continuam como moedas sociais. Na mesa de
discussão da agenda reflexiva, as memórias reais da
sociedade são substituídas por ideologias de palavras e
espasmos de uma puberdade tecnológica, onde a ponta dos dedos
ordena ações às telas, mas as palavras à
cabeça não provocam mudança nos comportamentos.
Os veículos de comunicação ignoram o poder do
buzz, mas são regidos por eles. Atualmente, o tosco
telefone sem fio define o material reflexivo tanto do narrador
quanto do espectador. A temporalidade do assunto e seu poder de
assombramento, de retorno, são subestimados e substituídos
pelo que está na moda. Quem define essa moda? Um grupo
corporativo (como defende W. Bueno), as classes sociais, ou as
gerações X, Y, Z?
“Quando
se diz que um escritor está na moda, sempre se quer dizer na
prática que ele é admirado por pessoas com menos de
trinta anos” Eric Arthur Blair.
Navio tomba no mar,
prédios caem no Rio e Pinheiro já não simboliza
natal, mas atrocidades de um governo reacionário e negligente,
amparado por uma polícia cujo bom senso está na ponta
dos dedos, comprimido entre gatilhos e cassetetes. A imprensa com
canetas e eletrônicos mais uma vez registra o imediato mas não
constrói a rede de interesse que cerca a permissividade dos
governos, da estrutura de habitação (ocupação,
viabilização e fornecimento de serviços básicos,
expansão), da gestão da segurança pública,
educação e saúde como pastas interligadas.
Enquanto isso na mídia, o aniversário de uma Potra na
Bahia continua a ser matéria.
A imprensa de modo
geral se confunde no âmbito emocional ao cobrir tragédias.
Esquece que todo dia tem tragédia, pinça as
cinematográficas e “cria” personagens em cima de vítimas.
Constrói heróis e transformam telejornais ou jornais em
versões noticiosas das mensagens fonadas melosas de datas
comemorativas. Gasta-se tempo demais em repetir informações
(imagem e texto). O efeito disso vai além das edições
nas bancas, ou dos telejornais; a interferência da imprensa
chega às livrarias, afeta escritores e autores de livros; as
prateleiras são entupidas de títulos ruins com alta
venda.
Tragédia não
é só para os gregos, mas Reforma é coisa de
brasileiro; acostumados a fazer puxadinhos e gambiarras, quando na
verdade, na maioria das vezes, tudo deveria ser posto ao chão.
Reforma agrária, política, ortográfica, da
imprensa, da habitação, dos transportes, da saúde,
das religiões e dos colhões. Todavia, a inviabilidade
do recomeço aponta a reforma como o mais viável;
trata-se da coleta seletiva do comportamento humano. Não
resolve, pois não atua no consumo e no início da cadeia
produtiva, mas ajuda uma vez que provoca reflexão e ação
imediata. Como se reforma um olhar?
Moderado e nítido, seu
olhar girassol encontra o chão;
no renovar de mais um ciclo, sementes.
no renovar de mais um ciclo, sementes.
Salve o Guardador de Rebanhos, que na beira da estrada
é o paradoxo de nossa falência
é o paradoxo de nossa falência
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