terça-feira, 20 de dezembro de 2011

La Traviata Corporativa






Em descomunal jogo de interesses, a dança entre o que se fala e o que se faz lacra as esperanças de Violetta "Duplessis" (o povo) em um peito social tuberculoso; e o arrependimento não altera o presente, nem o passado.

Afora o fim anunciado, as relações de trabalho clamam por inovações que de maneira responsável estabilizem os parâmetros de satisfação e desenvolvimento. Ante os abalos do mercado, é evidente a necessidade de mudança. O modelo de gestão de pessoas deve estar fundamentado em diálogo transparente, remuneração adequada, ambiente de trabalho agradável (infraestrutura e relacionamento), capacitação (e atualização), inovação e resultados. Praticar o que se diz em discurso é a única solução; transformar as palavras das mensagens corporativas em ações efetivas para proporcionar viabilidade econômica ao empreendimento aliada à satisfação dos empregados.

Reconhecimento: o que todos buscam desde a saída do ventre. Desde a primeira olhada no espelho, ou nos olhos de outro (primeira infância). Poucos consideram que para reconhecer algo, é preciso visualizar seus limites, para então compreender seu sistema, sua dinâmica de ação e não seu repertório, ou sua essência. Todos buscam completar-se (a satisfação). O egoísmo fale empresas, relacionamentos e narrativas; deturpa a fé. A humildade é a força dos sábios. O desejo por reconhecimento cria novas tecnologias, seduz, escreve no presente a história do futuro. 

Desta feita, o sonho surge como um produto de convencimento, não apenas no ambiente de trabalho, mas fundamentalmente no campo pessoal. Na vida corporativa, o gestor que souber conhecer e lidar com os sonhos (profissionais e pessoais) dos empregados terá à sua disposição uma excelente ferramenta de gestão. A gestão entre o estímulo de sonhos, alinhamento de desejos e administração de anseios básicos. Como transformar isso em mensagem e disseminá-la além das reuniões fechadas, indicações, festas corporativas, encontros ao redor da garrafa de café e diante do espelho nos banheiros coletivos? Campanhas?

Comunicação física (material) versus comunicação digital. A escolha entre as duas, ou a integração de ambas considera aspectos como o objetivo da ação, os custos, a natureza de acessos às ferramentas, linguagem, poder de indução, periodicidade, o ritmo, a distribuição. Identidade.

A avalanche de informações e versões, juntamente com o estímulo profissional (desafios + remuneração) deve também ceder espaço para manifestações negativas (embora responsáveis) e positivas (não propagandísticas) por parte dos empregados. Maturidade e Transparência.

Atualmente, as pessoas se informam da mesma maneira que consomem produtos. Isto preocupa, em uma sociedade onde o poder aquisitivo aumentou boa parte em função da disponibilização de crédito e estímulo ao consumo (estratégias da política econômica). Ou seja, o alto índice de consumo (de informação e produtos) não significa a existência de uma base a suportar tal comportamento.

O Notícia em Foco da Rádio CBN dia19/12 , com a participação de Dimenstein, foi categórico: O fazer jornalismo, o fazer comunicação, sofreu interferências (boas e ruins) da tecnologia. A mídia precisa passar o que é imediato de forma simples; todavia, precisa formar público para reflexões profundas a respeito do que é imediato e como isso se relaciona com o futuro e presente de todos.

No ambiente corporativo, não existem mais ilhas. Cada empregado é um formador de opinião estratégico, com poder de influência amplificado pelas novas tecnologias. Até os nômades no deserto fazem música e ecoam no mundo inteiro (Tinariwen), quiçá os plugados funcionários com dedos que comandam telas, telefones que pagam contas, postam fotos, vídeos e recebem informações via internet. O trombone se transformou, cabe a boca de todos aos ouvidos de muitos. Scream Poetry (sim, eu gosto de subir nos telhados).



Estatísticas norteiam uma bússola viciada. Estudos apontam e pesquisas especulam. Versões e interpretações do tamanho do entendimento do freguês, e não a seu gosto. O que será que será? Oscilações da taxa de emprego, cantatas sociais. As enchentes que declaram ocupações desordenadas, o colapso da urbanização, o desrespeito aos recursos naturais. Infraestrutura é mito. O ditador é exposto morto, entre flores e lágrimas pintadas de vermelho. His name is Robert Paulson. Peneira informacional à parede, todos se transformam em garimpeiros na serra pelada da comunicação. O ciclo segue. O alforge nunca está cheio, muito menos vazio. Chuva de borboletas, flores voam ao vento. Deus está de braços abertos.


teu pescoço, torre de marfim
caule da sedução, textura do aconchego,
guarda o néctar,
caminho para teus lábios;


não estás nas palavras
vais além dos gestos,
não há solidão que não se estirpe em teus braços
onde a pureza é plena
e meu sussurro se envolve com o suspiro de felicidade



...




Saiu no Observatório da Imprensa
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed674_la_traviata_corporativa

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