domingo, 23 de outubro de 2011




Comunicação, Arquitetura, Sustentabilidade. Entre diálogos, ideias e resultados de práticas... um passeio. A estrutura física revela certa manifestação cultural. Para alguns, greenbuilding are ugly. A Sustentabilidade às vezes utilizada como um produto de delicatessen amplamente divulgado, mas que está presente à mesa de poucos e experimentado por menos pessoas ainda.



Toda transformação cultural passa pelo incômodo, entretanto, com a intensa produção de informação (everybody wanna be a newsmaker) as pessoas (o ambiente?) rejeita a mudança que o incômodo propõe. Apenas adaptamos algumas práticas e reafirmamos teorias. Por ser mais fácil continuar com a utilização dos recursos e dos produtos de conforto, sentamos com nossa hipocrisia maquiada de responsabilidade, sobre as macias almofadas dos discursos.



Há possibilidade e necessidade de mudança; todavia, as interpretações são truncadas. Incoerência entre o sonho e a rotina. O sonho propõe o prazer pela ousadia, transformação, novidade, a possibilidade do impossível. Em contraponto, a rotina propõe o prazer pelo conforto, pela estática, menos esforço. O discurso das migalhas, do exemplo, tropeça no fluxo urbano, práticas e infraestruturas. Além das “pensações” de Brissac, a ComplexCidade tem muito mais de humano e menos de arte.



Cansa ver o ciclo dos argumentos, mas há satisfação em verificar como é possível inserir frames a esse ciclo. Urbanismo é uma doença ou um soro onde os críticos - conforme definição de Honoré - esbanjam do vislumbre do que seria o ideal e se aconchegam ao quadro na parede.



O excesso das palavras e dos “proferidores” de frases cansa.  O ser precisa respirar. O cansaço pede flores, quando o humano é ainda desprezível. Após a punhetação gráfica de aproveitar cada canto de página, imersos no concreto que pavimenta cada pedaço de ideia, transforma o quintal em condomínio e a liberdade em sacada; o espasmo da modernidade e processos formais e informais de comunicação. Assim estabelece-se a necessidade do urbanismo verde, que revigore a paisagem. Diante da demanda por paisagem pasárgada em larga escala, é fundamental a formatação das construções ou uma reordenação por meio da extinção. O equilíbrio clama ao caos, assim como Khronos impõe ou manifesta sua soberania.



Esquecer um pouco a mensuração, alterar os critérios para construção do valor. Rever a estrutura física da linguagem, da identidade cultural deste ser fugitivo de Babel. Limpar também os processos de comunicação, manter lubrificados os canais de transmissão de mensagem e construir as mensagens de forma a causar (propor) mudanças, seja pelo conforto ou pelo incômodo, mas com um belo  lounge embalado algumas noites à palavraantiga ou pela turma de Coltrane.



O gatilho do abandono, passos e pirraças ao alcance do google



"Ahora bien,
si poco a poco dejas de quererme
dejaré de quererte poco a poco.
Si de pronto
me olvidas
no me busques,
que ya te habré olvidado." Pablo Neruda

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Interessa menos o que move o mundo e mais as consequências e propósito deste movimento (?). A massa some na massa e não há estrutura que satisfaça a urbana vontade de gozar e se encontrar sob tanta fuligem. São as ideias, os desejos ou as elucubrações? 

E a mosca de Whilhelm olha sorrateira pela janela. São as referências; caleidoscópio disgramado. Os quilômetros de adversidades, ansiedade, projeções e escolhas. Para definir o discurso é necessário compreender a linguagem. As narrativas em comunicação visam o contracheque e os créditos, o resto é feliz consequência. Quando se compreende o código linguístico do grupo e percebe-se como é estruturado o fluxo de produção de significado, é possível interferir de forma efetiva. A mensagem então ganha espaço espontâneo e contribui, instiga à mudança de interpretação, evolução de sentido, ou à simples mudança e reflexão.

Os benefícios de uma narrativa bem construída podem sobrepor o registro histórico e sua reverberação, graças à limitada capacidade de lembrança (e não de armazenamento) do ser humano. Assim marcas são fortalecidas, religiões propagadas, eleições ganhas. "Desejo, necessidade e vontade".

O homem mexe no composto orgânico, cuida do jardim corporativo. As pessoas disparam argumentos, movimentam a engrenagem que condenam. Da estante despenca o clássico livro de Armenon, Poiuy {traço de páginas rasgadas}

"Para sobreviver, desprendo-me das pessoas. O conflito gera interpretações precipitadas, à mesma medida em que funciona como peneira. Deus confronta nossa hipocrisia a todo o momento. Para todas as coisas colocamos preço, há um valor, existe uma ação para acontecer a reação desejada. Quando o cartão não basta, ou não há papel moeda que sacie o desejo, a moeda utilizada é oração, ritual e outras estratégias de negociação para se obter satisfação. A embalagem, ou sensação, chamada satisfação, contém itens como saúde, paz, amor e conforto. Desejamos ser o epicentro da solidariedade, da transformação, da "nova" vanguarda. Esquecemos as coisas simples e a leveza de uma brisa pelo peso da sede por uma satisfação palpável. Estamos perdidos no Hilbert Hotel, sem reservas, sem espelho, sem luminária, sem o que comer diante de um cardápio infinito. Uma língua. Então a manhã me acorda com esperança; impossível não continuar. Vivo".

O sorriso rasgado
O choro extraviado
As sobrancelhas arqueadas pontuam os versos
A face envergonhada compõe a mesa de café 
sobre a possibilidade o texto aponta sem palavras
na volta do tempo o completo
sem vírgula, as reticências


Um fluxo uma raiz. E se eu não quiser esquecer


todo mel da flor


todo mel da flor

onde o repouso é o movimento.
livre é a lua, presa à órbita da terra
acorrentada a versos
iluminando cidades quando cheia
transborda

Alheia é a esperança. À vista do que se não vê.
sórdidas canções; completam as frases como senhas abrem fechaduras.
toda a flor que há no mel
essência instalada em seus olhos

reticências


o gatilho; tempo é tempo