domingo, 30 de janeiro de 2011

prenúncio



Prenúncio do nada algo é. Soberbo em sua profundidade o pé chantageia o corpo. A cabeça o mete na lama. Unidos, os pés se lançam, imundos sobre a brasa. Purificação. A cabeça perde a ilusão de controle. Diálogo. Liberdade. A língua se dobra, o corpo se rende. Tralhas e trilhas pelo chão reverberam o sentimento que outrora parecia natimorto.


O ímpeto. Ante a textura de um sentimento. Esperança. A sintonia, mesmo distante. Sonhos? Ainda que imperceptível. Sintomas. Os planos, projeções, degustação. Compreensão. Frustração e tantos ão, ao... Tempo. Prenúncio. Aqui.

Os telejornais continuam a embrulhar peixes, molhados. As assessorias disparam pela janela a embalagem de um produto que nem mesmo ainda conseguiu-se produzir. E o público se delicia de fastfood e ilusões. Cada um com o tamanho que lhe fere o cancanhar. Circuito fechado.


A suave brisa envolve o corpo. O espirro. Reação natural. O gozo. A lua fisga os olhos em mais um espetáculo no céu. Uma lástima anuncia tremores na terra enganosa, a qual apenas Deus conhece. Comer e suar, é só começar. O asfalto. O circuito fechado. A ladeira. O cotidiano. Assistindo enquanto a corda estica. Pirilampo à cabeceira, intermitente lembrança. Rosas regadas a lágrimas. Adubadas em esperança. Florescem sob o sol forte. Memórias intermitentes brilham na noite. Reflexão de sonhos, refração da realidade. Unhas escondem o sangue e a terra. Os olhos, em silêncio, escondem palavras. Comunicam. Soterram.


As trêmulas mãos decidem entrar na briga. Com as aliadas unhas arranham o corpo, retiram cascas. Agarram o pescoço, quase arrancam a jugular. As ideias salivam ao canto da boca. A perseverança mereja aos olhos. O cérebro desliga as comunicações. A luz retorna. O humano é artifício, a loucura plena sanidade. Salvação.


onde vamos hoje.

Caça

palavras

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

da pé?



Cortou o dedo no extrator de grampos. Tentava ajeitar a lente de contato. Cego. Sua herança, um deslocado. Pé de abacate. Ele nem come. Vitamina. Da dor de seu corte não conseguia mais produzir. Resgatar o passado ou partir o futuro? Parir. O passado é o presente e o futuro uma possibilidade. Pessoas vivem da possibilidade. O produto antes de sair da embalagem. Mais cor, cheiro e expectativa de sabor. Data de validade.


ok. Esperava mais dos Espiões. A misteriosa chama ainda jaz à cabeceira. Um novo bonassi entrou na geladeira. Novamente a cova e seus leões. Cansado: o melhor estágio para se estar entre os homens. Ciclos reiniciam. Na verdade, estão completos. Algo desponta. Algo dobra, sobra e se mantém; deslocado. Intocado.


Único não quer dizer sozinho. Especial não siginifica ser melhor do que algo.

Complexo não é difícil. Fácil ainda pode ser intenso. Denso, tenso. Tenro.

Try a litle tenderness, love me tender and Sway







decifra-me e te pago o plágio à luz de velas.


Cheiro de álcool na ferida. É o ardor de um novo dia.


“Conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna” Judas 1: 21


estou aqui

.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

vista




As quinas do cotidiano são interessantes pontos de observação. Oportunidades.


Cabelos, pele, lábios, gesto involuntário com a boca. Os olhos. Ela.


Ele chorou. A lágrima suicida despencou como uma pétala. Linda. Ele provou seu sabor. Apanhou uma formiga que passava no momento e a mergulhou na gota. Queria que ela sentisse.


Perseguido. “Minha percepção está corrompida. A boca. O sorriso me espreita até nos confins. O queixo. Devo odiar, mas sem degenerar-me. Mas o ódio em nós é câncer”.


Cativo. "Onde vou também vai minha mente. Construo palavras que agradam a muitos, mas quando sou eu a maioria não entende". Fazemos alianças para quebrá-las. De um modo ou de outro.


Ele é impelido a deixar de acreditar em algo que lhe é como objetivo humano de vida. Ela está cada hora num corpo. Agora chora. Partida. Rompimento ou espera? Sorri monalisa ao ser observada. Vai embora como todas as outras. Voltam as lágrimas e surge com a resposta novas perguntas. Era espera. Pra quê, por quem?


Travesseiro engano. Feito de sonhos. O suor das horas, o atrito da borracha com o concreto; declaração. Torre de Marfim, olhos de ressaca, luz do sol reflete à íris.


Tudo à vista. Olhos. Bolsos. Costumeiras decisões. Ele sobrevoa calmamente as interpretações.


néctar

Comunicação - Responsabilidade Social


imagem: net

Papel da Comunicação nos Programas de Responsabilidade Social


Cenário:


Diante do crescente processo de urbanização, com a estimativa de que até 2050, a população mundial atingirá 9 bilhões de pessoas, das quais 2/3 estarão em aglomerados urbanos, e do aumento das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE); torna-se fundamental efetivar práticas que garantam a sustentabilidade aos processos industriais, bem como as ações de Responsabilidade Social.


Dentre as principais demandas por projetos sociais no país estão:

Educação – mais fácil de investir. Entretanto, retorno de longo prazo.

Saneamento – mais burocrático e mais necessário

Habitação – mais recorrente


Desenvolvimento Sustentável, Qualidade de Vida e Responsabilidade Social são muito mais do que produtos de discursos corporativos para a manutenção da imagem das empresas. Trata-se de valores necessários para a verdadeira evolução humana.


Comunicação com foco na transformação


As empresas precisam trabalhar com a produção de consciência crítica internamente e externamente. A Responsabilidade Social precisa ser um valor interiorizado, uma convicção que gere como frutos as ações que beneficiam as comunidades.


As políticas de posicionamento, doação e patrocínio devem estar alinhadas às diretrizes e cultura da empresa (marca). Os projetos devem priorizar mais o benefício social (efetivos) e menos a propaganda da marca. A valorização da imagem da Empresa é consequência natural de práticas consolidadas.


Recordando a Teoria Funcionalista da Comunicação, onde as causas e os efeitos são considerados pano de fundo das discussões, refletindo a respeito da função; entende-se que a comunicação pode ser compreendida como o sistema nervoso social, que com seu fluxo interfere na causa e efeito das relações humanas. Desse modo, a comunicação dos trabalhos sociais realizados pela empresa deve transcender a própria ação, pois precisa agregar valor.


As práticas de comunicação devem estabelecer um processo educacional participativo, integrado à diversidade cultural das comunidades, possibilitando melhoria da qualidade de vida e transformação da percepção dos moradores em relação à empresa.


A Comunicação Corporativa é responsável por promover a re-significação de determinados conceitos das comunidades em relação à Empresa. Para isso, o processo de comunicação deve ser primariamente objetivo, seja nas ações em imprensa, ou material institucional (Mídias Sociais, House Organ, site e folhetos). A efetividade da re-significação está em ser menos propagandístico e mais transformador; trabalhando os conceitos de desenvolvimento, responsabilidade e ações da iniciativa privada, bem como se posicionando sobre assuntos polêmicos e sobre o contexto regional.


A imprensa tem realizado coberturas superficiais e cansativas a respeito de temas como biodiversidade e responsabilidade social. As matérias que não são pura propaganda amparam-se em números institucionais ou disseminam estatísticas e posicionamentos xiitas. Para mudar este cenário, e promover análises mais profundas, as áreas de Comunicação Corporativa devem enriquecer os discursos com ações e resultados efetivos.


Além das ferramentas tradicionais de comunicação, é vital para a sustentabilidade do discurso empresarial a avaliação e criteriosa inserção nas novas mídias e redes sociais. A manutenção do relacionamento com os stakeholders precisa se modernizar e tornar-se cada vez mais transparente, adequando a linguagem e ferramenta utilizadas estrategicamente.


Cada empregado é um multiplicador da cultura organizacional. Portanto, é fundamental que seja alinhado o discurso do corpo gerencial da empresa em relação às praticas de Responsabilidade Social desenvolvidas pela organização e reforçadas com os demais empregados.


As bases do relacionamento da comunicação com todos os seus públicos devem ter foco em Educação, Credibilidade, Relevância e Significado.


Educação – promover re-significação de conceitos e valores. (Consciência Crítica, Saúde, Integridade moral, Conservação da natureza, Desenvolvimento sustentável, responsabilidade e ações da iniciativa privada)


Credibilidade – ser objetivo e verdadeiro ao informar. Deixar claro os objetivos da empresa. Menos propaganda, mais ação. Integridade e posicionamento a respeito de temas polêmicos referentes às demandas públicas e às atividades da Empresa e do setor. (violência, saneamento básico, educação, emprego e renda / aspectos e impactos socioambientais).


Relevância – Evidenciar a importância da integração entre o público e o privado para o bem comum. (O porta-voz e o responsável por Relações Institucionais devem ser éticos, transparentes e presentes. Nas ações possíveis, intensificar a presença dos gestores nas ações de responsabilidade social e envolver o público interno das empresas).


Significado – Potencializar métodos e capacidades em comunicar boas práticas. Refletir possibilidades de evoluir e efetivar a Responsabilidade Social como valor. O sucesso das organizações depende do relacionamento entre as necessidades próprias e as necessidades de seu público. (Identificar demandas regionais por informação e por ações socioambientais.


A elaboração do Plano de Comunicação deve fazer com que o estético (imagem) comprove o discurso e valores da Empresa de forma clara. Ele deve causar “encantamento” e “sedução” pela transparência do posicionamento da empresa.


Dentre os passos básicos para a construção de um Plano de Comunicação voltado para a responsabilidade social e sustentabilidade estão: entender a cultura da empresa, definir objetivos específicos da ação, criar objetivos para a comunicação, identificar barreiras e facilidades, conhecer público alvo, determinar mídia e recursos a serem utilizados, determinar mensagens e linguagem, implementar e monitorar o progresso das ações, buscar feedback, avaliar o processo e identificar melhorias.


...

domingo, 16 de janeiro de 2011

assessoria de imprensa


crédito imagem: manipimagens-1

assessoria de imprensa – A relevância crescente

Palavras soltas de 2008 - cuidado com a cabeça de papelão


É fundamental andar por trilhas. Os processos de comunicação não podem estar engessados em trilhos. A técnica deve permitir a flexibilidade no desempenho das atividades de Assessoria de Imprensa.


  • Entender a essência do relacionamento entre assessorado e imprensa

  • Compreender a força e o papel da empresa na sociedade (sistema nervoso social). Nos últimos anos, a confiabilidade da imprensa tem crescido e as empresas estão cada vez menos confiáveis perante o público.

  • Utilizar os resultados e o conhecimento técnico para construir argumentos

  • Para o trabalho de assessoria fluir é essencial: Argumento, relacionamento com a imprensa e o acesso às fontes.


O Assessor de Imprensa enfrenta constantes atualizações de sua atribuição em função do mercado midiático. Atualmente, ele muitas vezes faz o trabalho do repórter. Com isso, buca garantir mais apreço à informação da empresa. Mas muita vezes erra a mão em pesar em tons publicitários.


É fundamental ser claro, descritivo. Não podemos incorporar o discurso da empresa ao enviar informações para informar o público. A Agenda atual repousa sobre o meio ambiente. Toda empresa que envolve o meio ambiente em suas atividades deve redobrar a atenção sobre o assunto e como a imprensa tem conduzido o discurso.


O espaço em centimetragem só tem relevância se for acompanhado de uma análise qualitativa. A Análise Qualitativa de Clipping permite a percepção de como a empresa é representada pela imprensa. Para realmente conhecer como a empresa é percebida pela sociedade os meios indicados são:

Pesquisa de Imagem (Instituto de Pesquisa)

Análise de Imagem

Auditoria de Imprensa (Instituto de Pesquisa)


nota

  • Reforçar contato com o editor (não ficar nas mãos do repórter)

  • Documentar as solicitações, principalmente as de última hora. Sempre se posicionar. Transparência.

  • Atentar para as novas mídias. Não se apoiar nelas e nem as ignorar (blogs site, de relacionamento)

  • Após a intensificação do relacionamento com a imprensa internacional, podemos estudar o acompanhamento e as ações em mídias novas e alternativas. Estudos indicam que a quebra de reputação das empresas virá pela mídia eletrônica. Web 2.0, You Tube, Twitter, Blog especializados e Orkut.

  • Produzir paper de posicionamento sobre os principais assuntos procurados pela imprensa. Dessa forma teríamos um plano de contingência em caso do Diretor-presidente não dar entrevista.

  • Balizar a análise de Clipping e as atividades de assessoria de imprensa com a Missão, Política e negócio da empresa.

  • Diante de grandes temas e acontecimentos, implantar o Q&A (Questions and Answers) – principais perguntas e respostas em tópicos sobre o tema; Key messages – Síntese do assunto em poucas linhas; Warm up – preparação do assessorado antes da entrevista.

  • Elaborar um banco de imagens online (ftp) para imprensa utilizar (link nos releases)

  • Manter banco de imagens digitais (mini DV) para equipes de TV

  • Orçar e planejar uma Press trip os veículos


Criar o Manual de Assessoria de Imprensa que contemplaria:

  1. Relacionamento com a Imprensa

    1. Clipping e Análise de Clipping

    2. Análise de Mídia / Planejamento de Divulgação

    3. Entrevistas (Presenciais, telefone e coletivas)

  2. Gestão de Crise

    1. Procedimento de gestão de crise

    2. Cartilha para comitê e principais gestores / Principais contatos

    3. Relatório de Casos Polêmicos e Confidenciais

  3. Mensuração de resultados das atividades de Assessoria de Imprensa (inclusive em redes sociais)


Filmes para adquirir: O Jornal / A Rainha

Mais uma vez, cuidado com a cabeça de papelão


sábado, 1 de janeiro de 2011

Cílio que cai



Foto do post. CC Tempos Modernos (vale assistir novamente seus filmes)


Chocolate em constante promoção. Ópio emocional. Tratamento paliativo contra o vírus da degeneração emocional que tem causado separações, amarguras, vícios, traições, agressões e desequilíbrio.


Poesia havia se lastrado como uma ilógica esperança aos corações. Era preciso matar os poetas. No registro da existência, apenas um ressuscitou, alguns sumiram vivos, outros sucumbiram às pedras. Mas aqui lembro-me de uma vila esférica, em algum lugar quente, onde chovia morno e adocicado.


As poesias foram queimadas. Os livros tiveram suas páginas rasgadas, mas as capas mantidas à estante. Todo papel fabricado recebia um número de série; quem comprava registrava-o em seu nome. Pouquíssimos podiam ter acesso ao papel; menor quantidade ainda tinha direito a materiais para escrever.


Entretanto, poetas teimavam em pensar e sentir. O profano ato de escrever e bater marreta no concreto ainda persistia. Quando é que isso acaba? A solução foi matar os poetas. Ou qualquer um que não tivesse a cabeça de papelão. No início foi fácil. Foram realizados concursos de literatura. Após o período de inscrição, reunia-se os participantes num galpão, ás 12 horas, sob a telha de amianto e arrancava-se o cérebro de cada um, com ternura.


Depois dos concursos, foi feito um levantamento bibliográfico. Mais cérebros. Frequentadores de bibliotecas. Mais cérebros. Namorados e casados de pouco. Mais cérebros. Locatários de filmes de vanguarda ou clássicos. Mais cérebros. Jardineiros. Mais cérebros. E assim por diante. Corpos e corvos. Uma praia cheia de urubus. O sonhos ensacolados como carniça tremulam na maresia. A tempestade lava da frustração o cílio que cai à esperança.


Os corpos não eram um bom adubo, o odor da queima gerara impacto ambiental na cidade. Havia a possibilidade de inserir a carne na dieta, mas era carne contaminada com poesia. Construiu-se então um super forno que nunca se apagava. Apenas as rosas choravam faltavam-lhe os espinhos. Falta-nos a costela. Era preciso apagar também a memória.


Beiços, testa franzidas e lágrimas não tinham mais o efeito esperado. Uma questão delicada: o que fazer com as crianças? Cangaceiros foram contratados. Eles foram os responsáveis pela escolta até oompaland.


Com o tempo e a intensificação da vacina, as cores perderam sabor, as palavras destituídas das sensações, os olhos apenas registravam o que se mostrava. Os detalhes, as particularidades, apenas poeira no canto da casa.


A vacina alcançara custo elevado. As pessoas comiam cada vez mais chocolate, arranhavam paredes, molhavam travesseiros e entupiam as filas de vacinação em busca de cura. Foi então necessário esvaziar o mundo, mas sem fazer muita sujeira. O nível de consciência alcançara padrões satisfatórios. Muitos seguiam em silêncio para o forno. Uma cena de fotografia intensamente sublime.


Alguns rebeldes foram direcionados para o Hotel Rosebud, quarto 101. Foi adotado um novo vocabulário. Um novo dicionário. Liberdade.


Preso pelas minhas memórias, efetivo ações de memórias adquiridas e não pelo que sou. Ou sou o que adquiri?”


Algumas pessoas teimavam em buscar os poetas como colibris por flores. Era preciso destruir os jardins.


Com um pé de algodão se planta o mundo inteiro”. Cada flor 20 sementes. Magnólia. Chance. Perdão. Escolhas e frogs fallen the sky.


Muitas portas arranhadas, pétalas arrancadas. Para uns, a vida é muito curta, para outros muito longa. Tempo e percepção: dois espinhos de uma mesma flor. Nada comprava poesia. Um problema surgiu; as pessoas sonhavam. Uma determinação do governo proibiu as pessoas de dormirem. A secretaria de saúde declarara como prejudicial um período de tempo no qual os pensamentos não podiam ser controlados ou ao menos direcionados. Quem fosse encontrado dormindo era executado. A mulheres receberam tratamento diferencial. Quando encontradas dormindo, eram sedadas e carregadas nos braços até o forno.


Ousadamente, um dos carregadores surtara desviando-se da rota. Depositou a mulher entre folhas e a observou dormir tal como uma flor. Pela manhã, ele preparou o café da manhã, levou até ela e se despediu com um beijo no nariz daquela flor que dormia. Caminhou ele em direção ao forno. Ela acordou em meio a uma jardim com iogurte, cereal e uma flor. Naquele dia, aquele carregador não conseguiu se livrar. O forno estava apagado para ele. Não havia saída para ele. Ele era um pé de algodão agora infestado de lagartas.


Energéticos com café: bebida oficial do governo. Dormir era privilégio de poucos. Dormiam sedados, sob vigilância armada. Ao menor sinal de sonho a execução era aplicada.


Os poucos poetas sabiam que a salvação estava próxima; chegando. Então eles poetavam e eram mortos. Cérebros arrancados, jardins despedaçados, flores concretadas, corpos queimados.


...não tornará pelo caminho da porta por onde entrou, mas sairá pela que está em frente dele...”


Inscrições eram copiadas nos muros. Pela manhã, os escritores se entregavam. Nada criado era. As palavras usadas como engrenagens. A poesia tornara-se racional. Sem sentimento, sem metalinguagem, metáforas, paráfrases e tantos outros calçados e vestuários. Era preciso acabar com a razão.



O carregador rejeitado pelo forno tornou-se errante. Não compreendia o motivo de no dia de se banhar nas chamas o forno cessara. Coincidências não aconteciam; e nada foi comentado obre o dia de folga do forno. O carregador estava confuso, atordoado por suas memórias e condenado pelas expectativas. Seus pés não paravam. Sua língua queimava bosques antes; agora, nem o fel havia sabor. Em poesia, sem sonhos e sem razão. Mas o processo de acabar com a razão estava com problemas. Foi chamado de Paradoxo China. Algum solitário, cansado por dias a fio confinado em cafeína, ideias e armas, sugeriu que para acabar com a razão era preciso doses cavalares de sonhos e poesia. Ele foi executado da forma mais cruel encontrada. Seu cérebro foi arrancado.


Um decreto estabeleceu limite à criatividade. Uma lei determinou que todos que possuíssem algum tipo de emoção deveria se apresentar em frente ao forno, às 12 horas da última sexta-feira do mês. Alguns não viam razão para isso; entretanto, o movimento de bando para o abate parecia orquestrado. E o fogo ardeu, e a chaminé quase rompeu o céu. O mundo praticamente esvaziado, a contaminação em níveis mais moderados.


O Carregador não foi ao forno. Estava contaminado por demasia para compreender e decidir. Um floco branco num galho chamou-lhe a atenção. Era um pé de algodão. Ele o chamou de Paradoxo da Alvura. Lagartas e alimentavam de suas virtudes, mas não lhe tiravam a vida. A terra continuou girando, a luz desfez as trevas, todo os contaminados desapareceram. Todo os poetas. A elite social e o governo não entenderam. Não havia razão. Apatia controlada de Yusuke. Alguns pensaram que o grande poeta havia retornado. Estes, no dia seguinte estavam no forno. Com o tempo, o forno ficou sem alimento. Uma única e enorme fila foi formada com o mais distintos da sociedade; com todo os ainda vivos. A fila seguia para o forno. Era o ápice da pureza, evolução e descontaminação. O pé de algodão, cerca de 1,87m, balançou ao vento. O Poeta voltou. Surgiu como a luz. Parou a fila; estabeleceu a razão, as emoções, os sonhos e a poesia. O forno teve alimento por uma noite intensa; foi apagado pelo Poeta.


Ao pé do pé de algodão que balançava, balançava o pé o ex carregador, que agora carregava sorrisos e alvura.


As cores ganharam vida. Os jardins. As crianças. E a mulher do nariz beijado era como flor no jardim, agora com mudas.