segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fôlego de Vida

O jornal mostra as lágrimas de mais uma família. Indicador da desgraça que se faz o ser humano. Roubo, assassinato. Mulher pelada. Pão e Circo. Futebol, campeonatos, jogadores humanos, bebida, sexo, depressão. Mídia. Uma cobra atrás do próprio rabo. O meio ambiente reflete as ações humanas acumuladas ao passar das gerações.

 

Casas e prédios. Janelas. Mulheres que se separam, homens que são separados. Casamentos, divórcios. Desejos, lágrimas e gozos. Janelas. Contas para pagar, filhos para criar. Amantes, torneiras entupidas, lâmpadas queimadas, pais mortos. Bolas rolam em quadras, gritos e suor. Corpos são corrompidos em becos. Templos profanados. Os hormônios, o romper padrões estabelecendo outros piores. Janelas. O relógio programa seu dia, marca o dormir e o despertar. Você continua bêbada em sua vida. A Lucidez foi abandonada. O sol ainda é quente, a chuva ainda molha, as noites frias não se aquecem em outro corpo, em cobertores.

 

Janelas. Espinhos. A natureza em sua perfeição de coisa criada oferece todos os possíveis exemplos para explicar o que aconteceu, o que acontece e o que pode acontecer. Precede o mar de rosas um mar de espinhos. Sangue. Sangue.

 

A compaixão abandonada em um copo vazio na pia. O individualismo assumido como uma televisão que ligada embala o sono, como um anticoncepcional tomado automaticamente, mesmo sem a possibilidade de engravidar. A individualidade como uma bandeira do auto-flagelo. A piedade como uma lata de seleta no armário.

 

Vitrines. Comerciais. Filmes de duas horas. Livro de 15 dias. Pregação de uma hora. A vida corre 24 horas, sem parar. A vida corre e não conseguimos acompanhar. Dividimos as horas. Não vivemos os dias, passamos. Ferimos, escolhemos todo o tempo. Cansados, escolhemos automaticamente a ruína. É mais fácil. Ser um produto em uma prateleira de supermercado.

 

Passam os carrinhos, as mãos, o cheiro, a luz, o frio. Corredores. Quem realmente liga? A curiosidade se disfarça de compaixão para invadirem cada um a janela do outro. Ninguém se importa, e se for possível encontrar um, este nada pode fazer. Humanos. Não cabem mais em si. Extrapolam no outro em desgraça. Humano, se entregue a natureza carnal abraçado está com seus limites.



 

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