sábado, 30 de janeiro de 2010

Felicidade e sua busca – Parte 1




Felicidade. Satisfação. O ser humano vive em busca disso. A sensação de estar satisfeito com a vida independentemente das circunstâncias, ser feliz. Para alcançar este estado, as pessoas definem os meios, muitos até o fim. Riquezas. O acúmulo de riquezas facilita as realizações materiais, a movimentação pelos continentes, o estabelecimento da segurança, a conquista de direitos. Solidariedade. Moeda de troca. Acumular riquezas, mas também ajudar os outros. A ajuda como ação para minimizar as diferenças e nunca para extirpá-las. Pois humanamente é necessário haver o triste para haver o alegre, é fundamental a existência do pobre para existir o rico, o condenado para existir o salvo, o certo para existir o errado, o sábio, para o tolo. Para haver liberdade são necessários os limites. Muros, cercas, palavras e sentimentos.

Consumo. A felicidade pode estar na prateleira de um supermercado. Tem felicidade para todos os gostos e bolsos. As pessoas determinam padrões de seres felizes por meio do consumo. O que você Consome? Comida, roupa, música, filmes, programas de televisão, comportamentos, carros, motos, casas, viagens, aparelhos eletrônicos, festas, manipulações, usurpações, sexo, traição, roubo, tradicionalismo, poder.

A busca por poder, por extrema liberdade, levou o ser humano a atrocidades. A inversão dos valores, o convencionalismo de fazer do que acontece em alto índice ser considerado comum e o comum como algo natural, ligado à essência. Matar, roubar, molestar a mente e os sentimentos dos outros.

O suor dos uniformes torna-se mais importante do que as lágrimas ao travesseiro. Cada produto-felicidade tem sua forma de consumo e as ferramentas necessárias para tal. Seja um copo, um cinzeiro, um posto de combustível, uma cama redonda, uma faca, um celular novo, uma camisa nova, um corte de cabelo, uma viagem, um sala de cinema. Mas como todo bom produto, é preciso mais, pois a embalagem logo estará vazia. Neste momento é preciso ir novamente ao “supermercado”. E o dinheiro? Um cão faminto e cego correndo atrás do próprio rabo, assim o ser humano mergulha no trabalho e em outros meios de acumular riquezas pois dali virá a possibilidade de ser feliz, de fazer família, de ser reconhecido, de poder gozar das delícias da vida.

Quando olhar pela janela, verá um determinando o que seria felicidade para o outro. Escorado na própria cerca. Arame farpado. As decisões sérias, as argumentações essenciais e as reflexões sobre o fluxo da vida, seu propósito, seus valores, ficam todas em um copo com água na cabeceira da cama. As pessoas colocam sempre um obstáculo entre elas e o que acreditam ser sua felicidade. E seu obstáculo sempre é maior do que o do outro.

Quando conseguem acumular riquezas, estabelecer sua saudável rotina de consumo, os seres humanos pensam estar realizados e terem alcançado o propósito da vida. Quando à mente incomoda o tédio de uma tarde de chuva, a inquietação de uma tarde de sol quente, ou a angústia de uma silenciosa madrugada, rompida apenas pelos cães e pelos galos, o ser vai até a dispensa e procura por mais felicidade. Procura na bebida, no papo com amigos, em tudo que é entretenimento.

Há os que apenas após alcançarem o que chamam de felicidade, ou estabilidade emocional e financeira, é que vão ajudar os outros, mesmo que este outro more na esquina, ou divida a cama e os lençóis.

Para muitos, Deus é apenas um adesivo no carro. Uma expressão que escorre da boca no desespero, no alívio, no susto. Há os que fazem de Deus um burocrata. Como se fosse um ser inacessível, ou que tem os padrões tão baixos que se agrada mais pela manifestação do ser humano do que o genuinamente verdadeiro que está dentro de cada um. Fazem a reinvenção e reinversão dos valores. Categorizam o nível de contato que cada um pode ter com Deus e estabelecem a predisposição de cada um para condenação e salvação.

Exercício. Os jornais estão pingando desgraça e esperança? Fulano é divorciado, alcoólatra, trabalha 44 horas semanais em um local com muito ruído, calor excessivo, e pouca remuneração. Amasiado há nove meses com Ciclana, ele assume todas as contas da casa e do enteado Beltrano. Fulano, em uma noite de muita bebedeira, chegou em casa, um barraco no subúrbio, sutilmente abriu uma garrafa de cerveja pelo meio ao bater na cara de Ciclana, terminou de beber e acariciou a perna dela com os cacos. No rosto dela, o costumeiro olho roxo. Entrou no quarto do enteado e abusou dele. Uma criança de cinco anos. Vizinhos denunciaram depois. Fulano foi preso. O garoto foi para o Conselho tutelar, a mãe está internada. Quem pensa que este homem deve ir para cadeia, como consequência de seu crime e pecado? Todos. Mas quem pensa que lá ele deve ser apresentado ao evangelho, que por ele a Igreja deve orar. Que se ele se arrepender, crer em Jesus como único senhor e salvador e for batizado, será salvo? Poucos. E se a criança abusada for seu filho? A grande maioria traça até técnicas de tortura e condenação para Fulano. Tornam a implantar o código de Hamurabi, a lei de talião, o Êxodo 21: 24 e Dt 19: 21

Tiago 2: 8 / Mt 5: 44 / Lc 6: 27 / Rm 12: 14 Quando Jesus mandou amar o inimigo, abençoar quem te persegue, ele demonstrou um pouco do que é o verdadeiro amor. É algo de um elevadíssimo padrão. Não é esse amor que acaba depois de alguns anos de casamento por motivos frívolos do cotidiano, não é o sentimento que faz palpitar o coração (as famosas borboletas no estômago), que faz as pessoas terem atitudes precipitadas, inconsequentes. Mas o amor é algo que vai além das circunstâncias, transcende os limites que estabelecemos para este sentimento.

Aqueles que crêem em Jesus, que têm Deus como Senhor de sua vida, acima de todas as coisas, muitas vezes tropeçam no que os olhos preferem não ver e discutir. Agradam a Deus com louvor, dança, uma vida de honestidade, cuidado com o corpo, sendo solidário com os necessitados, devolvendo o dízimo, falando do amor de Deus e das boas novas para os amigos, para as pessoas do trabalho, escola, vizinhança; não se entregam à vaidade de ter bens, mas têm amor por almas; muitos destes, pulam Mt 22: 34-40 e Mt 5:44 e vão para as partes necessárias menos difíceis de se cumprir.

Estacionam a hipocrisia na burocracia de fatos e fórmulas, mas não mergulham no conteúdo, na essência e na finalidade de cada orientação e determinação de Deus. Antes; elaboram rebuscados argumentos para suas práticas e jogam todas no ventilador. Determinam quais são as fontes confiáveis e quais não são. Fazem do Espírito Santo um empregado. O consolador é que convence do pecado e orienta nossos passos à verdade, mas alguns tentam “facilitar” a função do Santo Espírito ao utilizar todas as palavras do vocabulário para explicar e esquadrinhar a mente de Deus, e induzindo a uma interpretação, deixa claro que se o Espírito Santo confirmar ou direcionar algo diferente do que foi argumentado, provavelmente é mentira e obra do engano.

Is 40: 28 Mas quando a Bíblia afirma que não há esquadrinhação para a mente de Deus e que os passos do homem são dirigidos pelo SENHOR “pois o homem como entenderá o seu caminho?”. Se “não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor” porque as pessoas tentam completar a Bíblia? Porque tentam ir além dos limites humanos? Na verdade apenas fazem como brinquedos, batem e voltam. Chegam no limite e voltam, assumindo várias vezes uma rota diferente.

Industrializam a palavra de Deus e seus propósitos. Focam as ações humanas e suas preocupações não em Jesus e sua obra, suas orientações. Mas fazem um recorte, constroem outros discursos. Colocam as instituições maiores do que Deus. A indústria gráfica, a de placas e adesivos nunca esteve tão aquecida. Se as estratégias de comunicação hoje são a cobertura do bolo, a comunicação, a publicidade entre as instituições religiosas são o granulado sobre a cobertura. Para muitos, importa mais que todos anseiem pela cobertura e o granulado, sem saber do que é o bolo, de quê é o recheio ,para quê e por quem foi feito.

O jargão “não importa a placa” na maioria das vezes traduz o pensamento “ a mais importante é a minha”. Os argumentos do “Deus pode falar com você” geralmente vem acompanhado de um manual de interpretação e técnicas de se comunicar com Deus. As pessoas precisam aprender a passear por Mateus 6.

Enquanto o foco das pessoas estiver nas instituições, sua divulgação, seu crescimento a todo o custo, de sua veracidade, estarão acrescentando um abismo entre as pessoas e Deus. Muitos cumprem o ide para alcançar glória própria. Há quem aplique técnicas de mensuração de resultados como em uma empresa.. Seguindo a lógica capitalista onde toda empresa foca o lucro, o lucro das instituições deixa de ser almas salvas e passa a ser “qual é a maior igreja”, ou “qual está mais alinhada com a Bíblia”. Ao verificar como é vivenciado o amor nestas instituições, constata-se que há compaixão, há solidariedade, caridade, afeto, mas o amor que tudo sofre, suporta, supera e crê, o amor que é também para os inimigos; este amor é adaptado à realidade social.

Tornam o principal em um item a ser tratado por Deus. E escolhem o que mudar. Determinam novos olhares sobre a obra de Deus com a finalidade de concentrar em um único lugar a verdade. Estabelecem as diretrizes para Deus agir. Estão tentando esquadrinhar o pensamento de Deus e se equipararem com Ele . Distanciam o ser humano da felicidade. Trazem a confusão com a intenção de alcançar a verdade. Como um sistema politico-monetário que é instalado como meio de se atingir o regime ideal. Idealizado por homens. Criam embalagens para a felicidade. Criam rótulos para a verdade. Estabelecem limites para Deus. O que a Bíblia não fala com clareza, cada ser humano deve buscar orientação de Deus em oração, deve se manter firme na palavra de Deus e permitir que o Espírito Santo o direcione.

Exclamação
Momento. Motivo. Qual a exclamação desta frase? Porque se ordenam as letras e como em um passo de dança se afastam, se unem a outras? Onde estará , se em todos os lugares buscado já foi? Sintaticamente e morfologicamente. Feita transliteração e milhares de traduções. A vida ainda não cabe nas letras, nas palavras. Ela ultrapassa os nosso limites, está além da interrogação.

É preciso conhecimento e sensibilidade para não apenas ler, mas entender. Exclamação. Há momentos em que você sabe que algo vai acontecer. Não sabe o quê, mas sabe que algo vai acontecer.

O silêncio antes do tiro, a gargalhada antes da batida. Quando o carrinho da montanha-russa chega ao cume, freia, trava antes de iniciar a descida. O vento no seu rosto anuncia a chuva. Uma gota no seu nariz. O telefone que toca, ou que não toca. A dor que falta, o ar que sobra, sopra. Doenças que levam para a cova, doenças que esvaem-se diante da cura. Há momentos em que você sabe, algo está acontecendo e logo se materializará.

Depois de tantos tiros. Continua andando o pé. Nos ombros um porta-retrato foto paisagem. Nos pés espinhos, nas veias sangue, nos olhos lágrimas, tudo em seu devido lugar. Nas mãos limpas, unhas sujas. Quando da terra se livraram as unhas, a saliva escorre pela garganta e o relógio vira televisão. Assistido. O tempo não cabe nos números. O tempo como um rolo de abrir massa, compacta e expande.

Suas atitudes podem contribuir para o que vai acontecer. Escolha. Colher o que se plantou de errado e o que se plantou de correto. É preciso chuva. Você sabe que a inercia será rompida. Ou tudo vai parar, ou de repente andará. Os olhos percorrem o mundo e veem todos escorados em realizações pessoais. Cada um estabelecendo o que é a exclamação de sua frase. Outros negociando a interrogação, entregando-se a reticências, muitos colocando ponto final.

Caber. Guardar, buscar. O engraçado é que quando o carrinho chega ao cume, você sabe que a probabilidade maior é dele descer. Mas naquele segundo antes, você sente alívio por parar. Ver a paisagem é um refrigério, mas a ansiedade vem com a altura e com a velocidade. O estalo, o carrinho começa a se deslocar. Já vi notícias de carrinho que caiu, de carrinho que empacou, mas na maioria das vezes o carrinho desce rápido. Na descida não tem como parar. Acontece e pronto.

Só há uma maneira correta de frasear, com a pontuação correta. Poemas são belos, textos são belos, mas sem a devida pontuação, crimes são cometidos. Acreditamos que as cercas que construímos estabelece os limites do terreno.

Quando decide mergulhar nas águas certas, não importa o vento, a direção da correnteza, os ataques e afadiga. O cansaço existe, a dor muitas vezes parece ser insuportável, mas quando aceita viver nestas águas, tudo o mais é detalhe.

Fonte de água viva. A exclamação. O verbo de Deus. O sentido da frase. O propósito da vida nas mãos dele, Deus, além de nossos limites. Uma simples palavra de Deus muda tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário